Apesar de saber que a Rede Globo é a maior emissora de TV do país, sempre fico abismada pelo desespero dos brasileiros na França à procura de um pacote de TV que exiba a Globo. Gente, é saudade do quê? Da má educação do Faustão? Da homofobia do Pedro Bial? Da Ana Maria Braga e suas mensagens de "yes, you can"?
O post de hoje foi parido graças a cinco minutos e meio de novela que assisti. Ontem, por volta das 19h, liguei a tv e me deparei com a Cama de Gato. "Vejamos o que seja isso".
Cena 1: Vilã entra afobada na casa do mocinho-banana interpretado pelo Marcos Palmeira. Segue diálogo:
- Pelo amor de Deus, Pedro Henrique (ou qualquer coisa que o valha), você não pode se casar com a Raquel! Eu vim aqui impedí-lo!
- Não seja louca, Maria Cristina! Você não pode mais me separar da Raquel!
- Tá massa, doido, tu vai ver!
Aí a louca sai da casa dele vinte segundos depois de ter entrado- aliás, eu nunca vi uma pessoa tão decidida. Então, Pedro Henrique recebe os parabéns do seu empregado que, pasmem, é negro. Pedro Henrique sai de casa e, no jardim, ouve, sem ser percebido, uma conversa de Maria Cristina com o "capanga" dela:
- Seu idiota! Se você tivesse matado o Pedro Henrique como eu mandei, nada disso estaria acontecendo!
De repente, eis que Pedro sai do seu esconderijo:
- O quê?! Quer dizer que foi você quem tentou me matar?!
- Ohhh! Nã-não, Pedro! Você está entendendo tudo errado!
- O Tobias tinha razão sobre você!
- Não, Pedro! Não é nada disso do que você está pensando!
Haha! Sério? "Não é nada disso do que você está pensando"? Não tinha uma frase mais batida não, minha senhora? Mas o melhor vem depois, pessoal: sabem o que o Pedro Henrique faz? Ele diz que vai entregar os dois, vira as costas e tenta entrar no carro dele. Ô, Marcos Palmeira! Sério, cara: você descobre que duas pessoas tentaram te matar e você dá as costas pra elas depois de tê-las ameaçado?
Suspiro.
Bom, depois os três em questão dão início a uma perseguição de carro que, provavelmente, vai deixar Pedro Henrique em coma até o fim da novela, quando ele acordará e entregará Maria Cristina à polícia. Pfff...
Depois muda a cena: uma adolescente de cabelo vermelho anuncia ao seu namoradinho sem pêlo que está grávida dele. Mas antecipa: "se você não quiser assumir, tudo bem, eu cuido dele sozinha". Daí o guri diz extasiado, como quem cheirou uma carreira, que vai assumir o guri e que a ama e que:
- Eu vou ser pai! Que emocionante! Nós vamos ser felizes! Eu vou sustentar você com minha mesada. Tudo vai dar certo!
- Que legal, como a vida de novela é fácil!
Desde a época em que eu assistia Malhação é que é assim. Só agora, me veio à cabeça três casos de amor sem barreiras em Malhação: no primeiro, a menina engravida e o maior conflito do casal é sobre a escolha do nome do bebê. No segundo caso, o carinha descobre que tem AIDS e a namorada casa com ele. No terceiro, a menina fica paraplégica e o seu final amoroso também é feliz.
Antes que me joguem pedras: não tou dizendo que essas personagens deveriam ter um final infeliz somente porque tem problemas (doença, gravidez indesejada etc), mas o que me dá nojo é a forma com a qual a Globo romantiza tudo. O que uma telespectadora de 14 anos pode entender da última cena? Mesmo diante da seriedade de uma gravidez na adolescência, o meu príncipe me salvará: vamos casar e ser felizes. Mas enfim, aposto no progresso televisivo desse país. Ontem, por exemplo, soube que o BBB recebeu 60 milhões de votos pro último paredão. Bial, O Homofóbico, comemorou o recorde.
Em tempo: BBB 10 na Lola
O post de hoje foi parido graças a cinco minutos e meio de novela que assisti. Ontem, por volta das 19h, liguei a tv e me deparei com a Cama de Gato. "Vejamos o que seja isso".
Cena 1: Vilã entra afobada na casa do mocinho-banana interpretado pelo Marcos Palmeira. Segue diálogo:
- Pelo amor de Deus, Pedro Henrique (ou qualquer coisa que o valha), você não pode se casar com a Raquel! Eu vim aqui impedí-lo!
- Não seja louca, Maria Cristina! Você não pode mais me separar da Raquel!
- Tá massa, doido, tu vai ver!
Aí a louca sai da casa dele vinte segundos depois de ter entrado- aliás, eu nunca vi uma pessoa tão decidida. Então, Pedro Henrique recebe os parabéns do seu empregado que, pasmem, é negro. Pedro Henrique sai de casa e, no jardim, ouve, sem ser percebido, uma conversa de Maria Cristina com o "capanga" dela:
- Seu idiota! Se você tivesse matado o Pedro Henrique como eu mandei, nada disso estaria acontecendo!
De repente, eis que Pedro sai do seu esconderijo:
- O quê?! Quer dizer que foi você quem tentou me matar?!
- Ohhh! Nã-não, Pedro! Você está entendendo tudo errado!
- O Tobias tinha razão sobre você!
- Não, Pedro! Não é nada disso do que você está pensando!
Haha! Sério? "Não é nada disso do que você está pensando"? Não tinha uma frase mais batida não, minha senhora? Mas o melhor vem depois, pessoal: sabem o que o Pedro Henrique faz? Ele diz que vai entregar os dois, vira as costas e tenta entrar no carro dele. Ô, Marcos Palmeira! Sério, cara: você descobre que duas pessoas tentaram te matar e você dá as costas pra elas depois de tê-las ameaçado?
Suspiro.
Bom, depois os três em questão dão início a uma perseguição de carro que, provavelmente, vai deixar Pedro Henrique em coma até o fim da novela, quando ele acordará e entregará Maria Cristina à polícia. Pfff...
Depois muda a cena: uma adolescente de cabelo vermelho anuncia ao seu namoradinho sem pêlo que está grávida dele. Mas antecipa: "se você não quiser assumir, tudo bem, eu cuido dele sozinha". Daí o guri diz extasiado, como quem cheirou uma carreira, que vai assumir o guri e que a ama e que:
- Eu vou ser pai! Que emocionante! Nós vamos ser felizes! Eu vou sustentar você com minha mesada. Tudo vai dar certo!
- Que legal, como a vida de novela é fácil!
Desde a época em que eu assistia Malhação é que é assim. Só agora, me veio à cabeça três casos de amor sem barreiras em Malhação: no primeiro, a menina engravida e o maior conflito do casal é sobre a escolha do nome do bebê. No segundo caso, o carinha descobre que tem AIDS e a namorada casa com ele. No terceiro, a menina fica paraplégica e o seu final amoroso também é feliz.
Antes que me joguem pedras: não tou dizendo que essas personagens deveriam ter um final infeliz somente porque tem problemas (doença, gravidez indesejada etc), mas o que me dá nojo é a forma com a qual a Globo romantiza tudo. O que uma telespectadora de 14 anos pode entender da última cena? Mesmo diante da seriedade de uma gravidez na adolescência, o meu príncipe me salvará: vamos casar e ser felizes. Mas enfim, aposto no progresso televisivo desse país. Ontem, por exemplo, soube que o BBB recebeu 60 milhões de votos pro último paredão. Bial, O Homofóbico, comemorou o recorde.
Em tempo: BBB 10 na Lola