quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Especial Brasil: paredão de fuzilamento

Apesar de saber que a Rede Globo é a maior emissora de TV do país, sempre fico abismada pelo desespero dos brasileiros na França à procura de um pacote de TV que exiba a Globo. Gente, é saudade do quê? Da má educação do Faustão? Da homofobia do Pedro Bial? Da Ana Maria Braga e suas mensagens de "yes, you can"?

O post de hoje foi parido graças a cinco minutos e meio de novela que assisti. Ontem, por volta das 19h, liguei a tv e me deparei com a Cama de Gato. "Vejamos o que seja isso".

Cena 1: Vilã entra afobada na casa do mocinho-banana interpretado pelo Marcos Palmeira. Segue diálogo:

- Pelo amor de Deus, Pedro Henrique (ou qualquer coisa que o valha), você não pode se casar com a Raquel! Eu vim aqui impedí-lo!
- Não seja louca, Maria Cristina! Você não pode mais me separar da Raquel!
- Tá massa, doido, tu vai ver!

Aí a louca sai da casa dele vinte segundos depois de ter entrado- aliás, eu nunca vi uma pessoa tão decidida. Então, Pedro Henrique recebe os parabéns do seu empregado que, pasmem, é negro. Pedro Henrique sai de casa e, no jardim, ouve, sem ser percebido, uma conversa de Maria Cristina com o "capanga" dela:

- Seu idiota! Se você tivesse matado o Pedro Henrique como eu mandei, nada disso estaria acontecendo!

De repente, eis que Pedro sai do seu esconderijo:

- O quê?! Quer dizer que foi você quem tentou me matar?!
- Ohhh! Nã-não, Pedro! Você está entendendo tudo errado!
- O Tobias tinha razão sobre você!
- Não, Pedro! Não é nada disso do que você está pensando!

Haha! Sério? "Não é nada disso do que você está pensando"? Não tinha uma frase mais batida não, minha senhora? Mas o melhor vem depois, pessoal: sabem o que o Pedro Henrique faz? Ele diz que vai entregar os dois, vira as costas e tenta entrar no carro dele. Ô, Marcos Palmeira! Sério, cara: você descobre que duas pessoas tentaram te matar e você dá as costas pra elas depois de tê-las ameaçado?

Suspiro.

Bom, depois os três em questão dão início a uma perseguição de carro que, provavelmente, vai deixar Pedro Henrique em coma até o fim da novela, quando ele acordará e entregará Maria Cristina à polícia. Pfff...

Depois muda a cena: uma adolescente de cabelo vermelho anuncia ao seu namoradinho sem pêlo que está grávida dele. Mas antecipa: "se você não quiser assumir, tudo bem, eu cuido dele sozinha". Daí o guri diz extasiado, como quem cheirou uma carreira, que vai assumir o guri e que a ama e que:

- Eu vou ser pai! Que emocionante! Nós vamos ser felizes! Eu vou sustentar você com minha mesada. Tudo vai dar certo!
- Que legal, como a vida de novela é fácil!

Desde a época em que eu assistia Malhação é que é assim. Só agora, me veio à cabeça três casos de amor sem barreiras em Malhação: no primeiro, a menina engravida e o maior conflito do casal é sobre a escolha do nome do bebê. No segundo caso, o carinha descobre que tem AIDS e a namorada casa com ele. No terceiro, a menina fica paraplégica e o seu final amoroso também é feliz.

Antes que me joguem pedras: não tou dizendo que essas personagens deveriam ter um final infeliz somente porque tem problemas (doença, gravidez indesejada etc), mas o que me dá nojo é a forma com a qual a Globo romantiza tudo. O que uma telespectadora de 14 anos pode entender da última cena? Mesmo diante da seriedade de uma gravidez na adolescência, o meu príncipe me salvará: vamos casar e ser felizes. Mas enfim, aposto no progresso televisivo desse país. Ontem, por exemplo, soube que o BBB recebeu 60 milhões de votos pro último paredão. Bial, O Homofóbico, comemorou o recorde.

Em tempo: BBB 10 na Lola

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Especial Brasil: álcool histórico

Continua minha saga em busca dos amigos que preciso rever. Semana passada, foi a vez do pessoal do curso de História. Eu só faltei sambar na mesa de tanta empolgação! Povo bom, adoro! E adoro porque [modo piegas on] eles representam tudo aquilo que eu mais admiro num amigo: bondade, graça, inteligência, embriaguez... Como eu adoro esse povo! Aqui, alguns deles:

Nível alcoolico 1: todos ainda penteados e vestidos

Nível alcoolico 2: nesse estado, você sorri, faz uma gracinha...

Nível alcoolico 3: já começa a fazer careta, levanta da mesa, grita

Nível alcoolico 4: pega uma peruca, incorpora o satanás e esquece que tem uma vida social a zelar

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Especial Brasil: Pesados

Uma vez, minha mãe disse que eu tinha pesadelos porque eu não rezava de noite. Decidi rezar e, por um tempo, deu certo. Deu certo até eu descobrir que meus pesadelos estavam diretamente relacionados com minha ansiedade. A certeza é matemática: entrevista de emprego? Pesadelo. Conhecer alguém novo? Pesadelo. Uma grande viagem? Pe-sa-de-lo.

Teve um em que eu era perseguida por um bando de assassinos. Eu chegava na casa de uma família que havia sido perseguida pelos mesmos homens, corria pra cozinha e abria os armários: encontrava pai, mãe e filho mortos, dispostos em cada armário em ângulos impossíveis. Dentro de uma das gavetas, eu encontrava os olhos, os narizes, as orelhas e os dedos dos três. Suave.

Já faz um tempo, cochilei com Fábio na cama da mãe dele. Enquanto ele sonhava, eu dormia com o Demônio e tentava acordar Fábio com gritos que não saíam. A cena era a mesma que na vida real: a gente naquela cama, ele dormindo ao meu lado. Mas em sonho, quando tentei tocá-lo, "ele" se virou e o que eu vi foi meu próprio rosto gritando com os olhos esbugalhados. Quando eu acordei, eu chorei. E à noite, chorei mais um pouco lembrando do sonho. E ontem, eu sonhei que abriam o peito de um amigo por minha culpa.

- Mainha, tive outro pesadelo.
- É incrível como tu tem sonho ruim.
- Acho que tou acostumada...
- No dia em que tu sonhar com um coelhinho, tu chora.

Pois é, férias me causam pesadelos e ansiedade.

Especial Brasil: Pailhaço

Estou enfrentando, nesse exato segundo, o único ponto negativo da minha vinda ao Brasil.

Algumas doses.

- Quanto é um laptop na França?
- Sei lá...
- Como é que tu não sabe uma coisas dessas?!
- Err... Deve ser porque eu não me interesso pelo preço dos laptops na França.
- Tem um monte de coisa que não me interessa e que eu sei! Esse meu jeito é foda! Por que vocês não são assim?
- Pois é...

- Luciana, tu é como eu, sabia?
- (é, eu sei, e isso é uma pena) Hum.
- Eu sou assim... com esse espírito desbravador! Que viaja! Que conhece!
- ...
- Tu num é como tua mãe, que é lesa, que se perde! (imitando um idiota) "Onde é que eu tou? Eu num sei!"
- Hum.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Especial Brasil: a felicidade em pôr acentos

É, eu sei, eu demorei a atualizar o blog, mas tudo nessa vida tem uma explicação - ainda que a gente não a conheça. Repararam no meu e maiúsculo acentuado? Repararam nesse u acentuado? Pois é, gente, eu estou usando um teclado brasileiro. Pois é, eu estou no Brasil! Hihi

Como assim, porra?!

Seguinte: Diana chegou um belo dia no meu quarto e disse que tinha um amigo que estava vendendo passagens super baratas pro Brasil e que ela iria perguntar a ele qual os detalhes dessa passagem. No dia seguinte, um dia ainda mais belo que o anterior, eu cheguei no quarto de Diana e disse "comprei uma passagem pro Brasil" (quando eu era pequena, eu desconfiava que eu era uma pessoa impulsiva). Eu nem esperei pela passagem de Diana porque, há tempos, eu já vinha sentindo uma tristeza no meu ser que, dependendo da interpretação de cada um, poderia ser diagnosticada como sendo saudade, banzo, frescura, não-adaptação etc. E, como a única coisa boa que tristeza dá é samba, resolvi me livrar da minha.

Não disse absolutamente nada a ninguém residente no Brasil. Passei boas 24h pra chegar ao meu destino, dormi somente uma hora durante os voos, mas cheguei. Ao descer do avião, fui recepcionada pelo bafo que soprava dos infernos, e que aqui chamam de "brisa", mas eu sorri. Peguei um ônibus e minha primeira parada foi na casa do melhor amigo. Somente ontem, uma semana depois de chegar, é que vim pra casa dos meus pais. Prioridades primeiro.

Tou feliz com a mesa de bar, com o mar e a comida, mas feliz mesmo eu tou em poder ser eu. Oito meses sem ser eu. Eles não entendem, eles não podem nem imaginar que eu não sou ela. Eu não sou aquele ser balbuciante que não entende piadas. Eu não sou aquela pessoa amarela que vive calada. Eu não sou a tímida que chega a ser mal educada por não saber puxar assunto. Eu não sou ela. Eu não tenho nada a ver com ela. E era nesses momentos de frustração infinita que eu começava a chorar. Nesses momentos, eu desejava estar do outro lado com a gente que me conhecia, a gente que acharia graça (ou teria pena) se visse uma Luci quieta. Porra, tou profundamente feliz e quero aproveitar cada minuto, porque depois eu vou voltar pro gelo, ainda que verão.

Talvez

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