quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um minuto

Um post super rapido soh pra avisar algumas coisas.

A coisa mais triste: a morte do meu computador. Foi pro limbo. Agora, um pai nosso e um minuto de silêncio. Obrigada.

A mais legal: esse fim de semana tem o tão aguardado encontro de blogs de meninas casadas com franceses. Deve ser esse o tema do encontro, ja que a maioria das participantes se encaixa nessa categoria incomum. Incomum? Se você estiver ai, de bobeira por Paris, ja sabe: pic nic sei la onde, sei la com quem. Perfeito.

E... achei que tivesse mais coisa pra dizer, mas acho que é soh isso. Quando eu macumbar meu computador pra ele voltar à vida, volto a escrever. Por enquanto é so pessoal!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Obrigada!

Mme Forfait. E olhe que eu gostei dela...

Hoje fui encontrar a tal da Mme Cler pra que ela me levasse até o local da minha primeira faxina como contratada da empresa dela. Longe pra caralho, fora de Lyon, num condominio enorme, com muitas arvores e crianças branquelas brincando nos parques.

A casa era de Mme Forfait. De cara ela ja me pareceu otima! Ela ta gravida e, pelo tamanho da barriga, acho que é de 17 meses: os peitos dela tinham o mesmo tamanho da barriga. Mme Cler perguntou pra quando era o filho e eu achei que ela fosse dizer "agora, segura!". Sério, não sei como aquela mulher respira, coitada, soh dava pra ver as pernas e a cabeça dela, o resto do corpo era soh barriga. E ainda, dentro das primeiras impressões, pelo estado da casa, achei que eles tivessem acabado de se mudar. O apartamento era muito pequeno e tinha bagunça por todo lado. Ela tem mais dois filhos pequenos e, no estado em que se encontra, vocês imaginam como deve ser manter uma casa limpa. Coitada, de novo.

Lavei os banheiros, o quarto dos guris, fui pra sala, aspirei o tapete e, pra executar melhor essa tarefa, coloquei as cadeiras em cima da mesa, os vasos de flores, as velas etc. Quando o chão ja se encontrava lindo e limpo, sai recolocando os objetos em seus devidos lugares. E agora, cena espetacular: três cadeiras em cima da mesa e um vaso. Dessas três cadeiras, fui inventar de tirar justamente aquela que servia de apoio pra uma outra. Quando retirei a tal cadeira, a outra perdeu o apoio e foi caindo em cima da mesa. Meus olhos seguiram a queda até se encontrarem com o vaso de flores que estava bem abaixo da cadeira que estava caindo, caindo... Eu soh tive tempo de fazer... nada. Em um segundo a cadeira caiu, o vaso explodiu, molhou a sala TODA e jogou caquinhos de vidro transparente pela casa que é habitada por duas crianças abaixo dos cinco anos. Que beleza! Pra completar, nesse exato segundo, Mme Forfait entra na casa (ela tinha saido). "Ah, o vaso quebrou". E eu, nadando na agua das flores,"mi mi mi, Mme Forfait, pardon, mi mi..." Ela disse que tava tudo bem, que esse vaso valia uns 5€, "mas cuidado pra não se cortar". Achei ela muito massa mesmo. Trinta segundos depois disso, ela perguntou se eu poderia vir proxima semana!

Ela me deixou novamente sozinha na casa e disse pra eu trancar bem tudo quando saisse. Assim o fiz, carregando prédio abaixo o lixo. Soh que eu não encontrei a lixeira do prédio e sai feito uma lesa pelas ruas com um saco preto de lixo na mão. Depois, procurei a parada de ônibus e, como não achei, perguntei a um cara o caminho. Ele perguntou a direção que eu queria ir, depois explicou onde ficava a parada de ônibus e eu agradeci, abestalhadamente feliz por ter feito minha PRIMEIRA pergunta na França a um desconhecido. Tcham ram! Eh incrivel como essas babaquices me deixam feliz. Peguei ainda um metrô, depois resgatei minha bicicleta que eu havia deixado na estação e cheguei em casa exatamente uma hora depois de ter deixado o apartamento de Mme Forget.

Acho curioso como essa semana se transformou em tantas coisas pra mim. Comecei bebendo feliz com Camilo, comemorando. No dia seguinte, passei a tarde chorando e ciscando, preocupada, tive insônia. Aih fiquei feliz por ter conseguido um contrato que, pensando bem, eu não queria. No segundo seguinte, me fizeram acreditar que era bom e eu fui. E depois de tanto vai e vem, acho que posso dizer que tou aliviada e satisfeita pelas oportunidades de sofrimento não-gratuito que essa semana me proporcionou. Por estar sempre com Camilo, nunca pergunto nada a ninguém, nunca faço um telefonema sozinha, não ando de ônibus, não compro bilhetes de metrô, nem pego metrô! De qualquer forma, espero que essa seja a unica viagem traumatizante, pra mim, que ele faz.

Ah, queria agradecer pelos recados de estimulo deixados aqui. Com a viagem de Camilo, eu tou me sentindo mais sozinha do que nunca. E eu fiquei bem feliz de ver gente que nem me conhece, que nunca me viu na vida, me colocando pra cima. A idéia inicial desse blog era permitir uma conexão entre mim e os amigos que deixei, mas agora eu me sinto mais estimulada a escrever pras pessoas que nunca vi na vida (graças à Amanda, essa situação estah prestes a mudar), ja que meus ilustres amigos nunca dão as caras (nem por aqui, nem por e-mail), com a exceção rarissima de poucos, me fazendo achar que eu tou falando sozinha. Blogueiro adora comentario, mas eu agora tenho um motivo maior pra apreciar os recados de vocês: companhia. Obrigada!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Continuando...

Hoje de manhã fui na ACFAL, empresa responsavel pelo curso de francês oferecido pelo Governo. Falei com uma mulher doida la, que fala rapido, e ela me disse que minhas aulas serão todos os dias, com exceção da terça. Serão 21h semanais. Pelo que vi nas salas de aula de la, eu vou ter muitos amiguinhos arabes. Pelo menos esses eu sei que vão morar em Lyon.

De tarde, me preparei psicologicamente pra enfrentar a entrevista. Para chegar la, fiz pequenas coisas que nunca tinha tido a possibilidade de fazer por estar sempre acompanhada de Camilo.

Passo um: achar o metrô certo pra chegar ao "bairro nove". (Linha Verde - D)
Passo dois: comprar os bilhetes pro metrô. Depois de observar atentamente uma mulher, consegui compra-los (dez bilhetes por 13€).
Passo três: achar o local da entrevista. Como eu tenho um otimo senso de localização, depois que desci do metrô, fiquei rodando sem saber aonde eu tava indo e decidi parar num lugar pra ver melhor o mapa. Parei uns cinco minutos e segui decidida pra direita. Depois voltei. Não entendi nada. E, finalmente, percebi que eu estava o tempo todo na calçada da empresa. Tipo assim, quase beijando a porta do lugar. Sinceramente, aquele mapa tem umas proporções bizarras. Ta errado.
Passo quatro: controlar o intestino pra não cagar no birô da mulher.
Passo cinco: "Bounjour! Mme. Cler?" (era eu ja apertando a mão da Madame). Na noite anterior, treinei com Audrey todas as frases pra responder às possiveis questões dela. Passamos uma hora nesse treinamento e eu ja nao aguentava mais ter que decorar tanta coisa. Pensei que a mulher não ia exigir muito. Mais uma vez, eu estava equivocada. A mulé perguntou tudo a que tinha direito, parecia que eu tava me candidatando ao cargo de gerente da empresa. Minha amiga, eu vou fazer fa-xi-na! Em certo momento ela se levantou e disse "você pode passar essa camisa pra mim?" E, quando eu vi, surgiu do chão um ferro de passar, uma mesa e uma camisa amassada. Eu nunca passei uma calcinha na minha vida! "Fudeu, fudeu!" Olhei pra camisa, olhei pra Mme Cler, sorri e fui passando, passando... Como se eu tivesse tudo sob controle. Depois ela chegou junto e perguntou simplesmente "você não passa as camisas do seu marido?". Foi foda.

Foda I: essa foi uma maneira muito gentil dela dizer que eu não sabia fazer porra nenhuma daquilo.
Foda II: é impressão minha ou madame Cler é machista?

"Não, não passo, porque ele não deixa" (o que em parte é verdade, a outra parte é que a gente não tem ferro de passar). Ai ela perguntou "você quer aprender a passar ferro?" e eu disse "não" (eu tinha entendido errado). Coitada. Porém (esse porém é bom), sai de la com um contrato de tempo determinado (ainda não assinei), de três meses, sendo as duas primeiras semanas de treinamento. Fiquei feliz por ter conseguido superar o drama, mas não sei... O primeiro trabalho, que é amanhã, fica fora de Lyon. E, pelo que ela disse, não é coisa simples. "Ah, você vai fazer uma faxininha, cuidar das crianças e fazer o jantar". Quero saber até quando vou ter saco de cuidar da familia e da casa dos outros e deixar a minha de lado. Por enquanto, vamos ver no que vai dar.

Maria do Ba(i)rro

Essa semana nem terminou (INFELIZMENTE) e eu ja posso dizer que ela foi a mais bizarra desde que cheguei em Lyon (em maio). Ok, a primeira semana aqui, em que eu tava com a cara cheia de pus por ter levado uma queda de bicicleta e com um olho fechado, também não foi comum, mas enfim, deixa eu falar dessa semana. Antes de tudo, pra que vocês entendam o drama que eu vou contar, é preciso que eu me descreva um pouco emocionalmente.

Eu sou uma pessoa terrivelmente ansiosa. Medrosa. Chorona. E adoro sofrer por antecipação. Adoro! Dois exemplos basicos:

exemplo de ansiedade: eu passei o mês inteirinho anterior à minha chegada na França tenho desinterias psicologicas. Alias, as desinterias não eram nada psicologicas: é que bastava eu lembrar da viagem e correr pro banheiro. Um mês. E cada vez que se aproximava do dia da partida, eu cagava mais. Meu ultimo rastro foi no Aeroporto Castro Pinto, de João Pessoa. Quando coloquei os pés no solo francês aconteceu um milagre.

exemplo de sofrimento antecipado: eu tendo, quero acreditar que é durante a TPM, a chorar a morte de pessoas que... não morreram. Como é? Bom, tou la eu no ônibus, feliz da vida, quando começo a pensar "meu deus, como eu ficaria se Camilo morresse?" Ai eu penso no momento em que eu escuto a noticia do falecimento, no choque instantaneo, na dor, na solidão, em todas as lembranças que temos juntos e, quando me dou conta, tou chorando loucamente. Tipo assim, soluçando, vermelha, querendo vomitar as tripas de tanta dor que tou sentindo. Entenderam? Pois bem: eu sou assim.

Agora, vou contar sobre minha semana. Ela, na verdade, começou muito bem: Camilo apresentou seu TCC dia 14. Foi um dia muito legal, eu tava muito feliz por ele! Ele se deu muito bem! Bebemos até cair (eu, literalmente) e fomos felizes. No dia seguinte, porém (sempre tem um), ele viajou com os amigos da universidade e soh volta no proximo domingo. Achei melhor ficar em Lyon porque vi nessa viagem a oportunidade de deixa-lo sozinho, curtindo um momento massa da formatura dele, com os amigos dele que estão igualmente formados. Mas, de qualquer forma, vi que eu tinha uns compromissos que, geralmente, é Camilo que me ajuda a cumprir. Não eram coisas do tipo "fim do mundo", mas pra uma pessoa que caga por qualquer suspiro, o menor dos fatos de transforma numa tragédia.

A programação solitaria da semana consistia nas seguintes atividades:
segunda: limpar latrina
terça: inscrição no Pole Emploi
quarta: ir na Agência de Imigração
quinta: limpar mais latrina
sexta: beber até cair com Simone

No entanto, a inscrição no Pole Emploi me deu o contato de duas empresas que contratam pessoas que fazem faxina. Eu. Quem me acompanhou nessa ida ao Pole Emploi foi Audrey (menina que vai morar comigo na proxima casa). Normalmente, Camilo ligaria pra essas duas empresas e faria o contato entre ela e a mocinha aqui, mas Audrey é terrorista e me fez telefonar pra essas duas empresas. Eu quase tive um derrame, mesmo a gente tendo treinado as frases-chave da conversa. A mulher do outro lado da linha, obviamente, não tinha o roteiro da conversa e me fez uma pergunta inesperada e eu me embananei todinha. Foi lindo. De qualquer forma, ela marcou comigo uma entrevista de emprego pra hoje.

Sei que, lendo assim, as coisas parecem muito simples. E são. Mas antes de eu chegar até aqui pra contar essa historia, eu chorei bastante, me senti muito sozinha, perdida, incapaz de fazer essas coisas. E isso, acreditem, me deixa muito puta comigo mesma. Porque faz com que eu sofra com coisas com as quais qualquer pessoa normal tiraria de letra.

Essa é a primeira parte da novela mexicana. Vem ai a volta por cima... ou quase.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O mistério do queijo que não era queijo

Gente, eu estou passada. Eu nem uso essa expressão, mas deve ser a mais apropriada pro momento. Nos comentarios do post passado, me perguntaram se "cabeça de galo" não era a marca do produto, se não poderia ser um azeitezinho inofensivo. Foi quando me dei conta de que eu sequer havia lido a embalagem do produto, e que quem havia dito que aquilo era cabeça de galo tinha sido Camilo e Simone. Então, fui catar uma das latas pra analisa-la.

Primeiro: o que tava escrito na embalagem era fromage de tête. Fromage: queijo. Tête: cabeça. "Mas que puxa, como eu sou tola! E não é que o que tem aqui dentro é somente queijo! Puxa vida!" E fiquei saltitante e feliz... até ler os ingredientes: molho, tempero, açucares, gelatina e langues de porc. Não, não era cabeça de galo, era bem pior: pedaço de porco.

Depois de me recuperar do enjoo (do nojo) causado pela imagem de linguas de porco decepadas e enlatadas, fui consultar o Mestre Google e achei as seguintes referências pro que poderia ser o tal do queijo que era galo e que agora é porco.

Primeiro resultado:Ninguém é obrigado a saber que fromage de tête não é queijo e sim um patê heavy metal. (Fonte) Engoli a saliva secamente: "patê heavy metal" não pode ser coisa boa.

Segundo resultado: ...uma charcutaria da qual gosto muito, mais conhecida em Portugal por 'pasta de cabeça'. O nome diz tudo: a pasta de cabeça, que se apresenta como um paté, é obtida à partir de cabeça de porco, cozida longamente em caldo de legumes e especiarias, e depois envolta em geleia. Pode não parecer, mas fica uma delícia...! (Fonte). Mas por que sera que não parece uma delicia? Oh, deus! Cabeça de porco cozida envolta numa geleia! Não consigo pensar em nada mais apetitoso do que isso! Gah! E fica pior...

Terceiro resultado: Uma das especialidades (...) é o fromage de tête, que não sei se vocês conhecem, mas já passei a maior saia-justo com esse tipo de "fromage". Pedi de entrada num bistrô parisiense o tal fromage, para acompanhar com vinho. Fromage é fromage, certo? E quando se pensa em queijo francês (...), não se tem a menor dúvida de que vem coisa bacana... pois bem, o tal fromage não era fromage e sim um patê. Superado o susto (e mico) visual, veio o susto olfativo (não esqueço o cheiro), seguido da legenda: é um patê de miolos, tudo que vc possa imaginar. E chega aos pedaços. ou seja, vc vai sentindo no boca cada miolinho e outras coisas mais. Come-se com pepino. Eles comem, eu não consegui... (Fonte) Patê + miolo + porco = vômito.

Quarto resultado: Dicionario Lendemain: fromage de tête (n.): gelatina de porco.

Voila! Quinze latas de gelatina de miolo de porco estragado. Acho que quero meu galo de volta.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A cabeça do mormon

O mundo ta cheio de gente bonita, que vai pro céu. Por exemplo, ha algumas semanas, aconteceu uma fato que me deixou deveras emocionada. Camilo comentou, na empresa em que estagiava, que não poderia tirar férias naquele momento porque a gente tava com problema de grana. No dia seguinte, o contador da empresa apareceu com uma cesta basica e deu de presente pra Camilo. Achei legal da parte dele, apesar de que "problema de grana", pra gente, não significava necessariamente "estamos passando fome", e sim, "não podemos gastar agora com uma viagem pra/pro... [coloque aqui o nome de algum pais do mundo]". Era isso. Mas achei legal o cara ter se preocupado com a gente. Achei lindo.

De qualquer forma, Camilo pareceu um pouco chateado quando chegou em casa. Dai explicou que o cara pediu a Camilo o numero do celular dele. Em troca, o contador deu o seu cartão pessoal e Camilo pode ver que o cara era mormon. Aaaah, agora tah explicado o motivo de tanta bondade.

Pra quem não entendeu, ver isso aqui:



Mais tarde, fomos analisar o presente da figura. Acho que o cara levou muito a sério o termo "basica", porque a cesta era composta por apenas quatro produtos. E praqueles que vão dizer que "cavalo dado não se olha os dentes", preciso adiantar que não foi falta de educação da nossa parte analisar a cesta, foi instinto de preservação mesmo. Explico. O cara deu seis quilos de arroz (massa), três pacotes de macarrão (massa) e algo em torno de 20 latas de sardinha e pelo menos umas 15 latas de cabeça de galo. Eh, gente, cabeça de galo. Eu nem abri a lata porque eu tive medo de ver uma cabeça cocoricando pela cozinha. Credo! Mas o fantastico não foi isso, afinal, o cara realmente pode ter pensado que nohs eramos fãs de sardinha e de... cabeça de galo. O problema foi constatar que todos os produtos que o cara nos ofereceu estavam fora do prazo de validade ha anos.

Aqui em Lyon (e/ou na França, na Europa, sei la) tem umas lojas que vendem comida fora do prazo de validade por preços modicos. Gente, assim eu também quero fazer caridade. Compro comida fora do prazo de validade, alimento dois famintos e mostro a eles outras maravilhas que Jesus Cristo pode fazer por eles. Camilo ficou com medo que o Helder Contador tentasse converter ele. Deus me livre, ja basta os caras da Testemunha de Jeova que toda semana aparecem aqui e sempre quebram a cara porque quem abre a porta é a brasileira muda. Tai, nessas horas eu fico feliz em não saber falar francês (e soh nessas mesmo). Porque é melhor engolir as cabeças de galo, com lata e tudo, do que engolir papo de missionario.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Cestinha ou morte

O que é melhor que dinheiro pra simbolizar independência? Nesse sete de setembro, um pequeno post em homenagem ao meu primeiro cheque.

Hoje fui faxinar na casa de uma amiga (Julie) de uma amiga nossa (Audrey). Audrey havia nos dito que o apartamento de Julie era "magnifique". Quando ela disse magnifique, ela quis dizer "o apartamento é grande pra caralho e tu vai se fuder limpando ele". Se ela não quis dizer isso, ela deveria ter dito, porque o apartamento era grande pra caralho e eu me fudi limpando ele.

O combinado foi que eu limparia somente as partes em comum da casa. Pensei "que facil, vou fazer essa faxina em duas horas". Mas o sofrimento ja começou na hora de entrar no prédio. O nome que ela havia me dito simplesmente não estava escrito no interfone. Ai fiquei apertando o botõezinhos de cada apartamento esperando que alguém respondesse. Ou não. Ja que, sempre lembrando, eu não falo francês. Finalmente alguém respondeu no apartamento certo e a femme de ménage (nome bonito pra piniqueira) subiu pra fazer seu trabalho.

A menina, cujo nome eu esqueci, me apresentou ao apartamento (o banheiro é do tamanho do meu atual quarto) e aos produtos. Tinha uns trinta tipos de sabão, agua sanitaria, limpa-vidro etc. O interessante é que eu não sabia o que era o quê. 80% dos produtos tinham uma cozinha bonita desenhada na embalagem, o mesmo cheiro, a mesma cor. Sabão em po que é bom, nada. Finalmente eu peguei qualquer coisa e sai por ai, lavando, limpando, esfregando, varrendo, aspirando e espanando durante exatas três horas. No final, uma outra fulana que chegou, que eu tampouco sei o nome, me perguntou se ela me pagaria na hora. Olhei pra cara dela pensando "claro, né, porra! tah doida?" mas eu disse "aaah, boon, je pense... err... si tu... oh... oui". Que dureza.

Dificil ou não, sai de la com um cheque bastante humilde de 24€ e um sorriso do tamanho do cansaço. Como ainda não recebi a grana do patrão de Camilo, considero este meu primeiro "salario". E eu ja sei onde vou torrar meus primeiros euros. Na Decathlon, nessa cestinha de bicicleta aih do lado. Isso mesmo: uma cestinha de bicicleta, meu maior sonho de consumo (viram que pessoa humilde?). Faz meses que eu almejo em ter uma cestinha e Camilo sempre me enrola (é, amor, você me enrola). Vai ser lindo e maravilhoso poder colocar a bolsa na cestinha ao invés de ficar toda atrapalhada com a bolsa nas costas. Vai ser lindo! Divino! Vai ser meu! Finalmente um sete de setembro a se comemorar.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Dignamente de quatro

Na ultima segunda-feira, Camilo me increveu no site do Pole Emploi, uma agência de emprego. Penso que ela é ligada ao Governo francês, porque quando fui dar continuidade ao processo do visto, na ultima quarta-feira, a moça de la disse que teriamos, se precissassemos, aulas de francês, consulta com uma assistente social E um cadastro no Pole Emploi, praqueles que estao à procura de alguma ocupação. Como eu.

Conheci o tradutor de lingua portuguesa da Agência de Imigração. Um pernambucano super legal, Flavio. Ele tah aqui na França desde 2005 e falou um pouco sobre os empregos que teve. Disse que era super dificil arrumar trabalho aqui, que ele ja havia mandado curriculo pra todos os lugares (de Carrefour à escola primaria). A minha sorte é que, ao contrario desse coitado, eu não preciso fazer faxina pra sobreviver. Camilo foi contratado essa semana pela empresa na qual ele estagiava e, apesar da nossa atual crise econômica, as coisas vão se normalizar com o tempo. Quero trabalhar pra ter dignidade, ainda que esse trabalho signifique limpar privada alheia. Deixar de depender do meu pai pra depender do meu marido não é lah o sonho da minha vida.

Infelizmente, eu não posso trabalhar com aquilo que quero e, por não saber falar francês, tenho que me limitar a esses trabalhos braçais pontuais. A medida em que meu francês for evoluindo, envoluirah também a qualidade dos meus empregos. Ou assim espero. De qualquer forma, falando francês ou não, la fomos eu e Camilo, hoje de manhã, pra agência do Pole Emploi pro cadastro pessoal.

No site, a informação é a de que, apos o cadastro via internet, o interessado deve ir à agência até cinco dias apos o cadastro on-line. Mas na verdade, segunda a moça da empresa, devemos esperar um email do Pole Emploi com a hora e a data marcada pra uma entrevista pessoal. Por isso, voltamos pra casa sem nada.

Ja em casa, quando abri a caixa de email, li uma mensagem de uma das meninas que vai morar comigo na proxima casa, Audrey. Ela disse que fez esses trabalhos de limpeza ano passado e que tinha alguns contatos. Perguntou, na ocasião em que conversavamos, se poderia repassar meu email a alguem que estivesse à procura de uma faxineira. "Tudo bem". Então, qual foi minha surpresa ao ler hoje uma mensagem de uma menina que perguntava se eu poderia fazer uma faxina no apartamento dela. Seria coisa de 3h por semana, pagando oito euros por hora. Mais do que a empresa de Camilo paga. Otimo! Vou responder que sim. Mas agora, hora de estudar francês.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As bestas e asbestos

Ha pouco tempo, minha mãe descobriu algo maravilhoso chamado Internet. Internet é uma coisa da qual ela tem acesso, debaixo do proprio teto, ha pelo menos uns nove anos, mas que ela nunca deu importância. Depois que alguém fez um endereço de e-mail pra ela, ela tomou gosto pela coisa e agora exige seu tempo no computador diariamente. Eu gosto de ver minha mãe usar a internet, mas tenho um pouco de pena quando vejo ela apanhar do computador. De repente, tem dois videos no YouTube rolando ao mesmo tempo e ela não tem idéia de como para-los, ou então, ela se mostra confusa na hora de salvar uma fotografia que eu mandei por e-mail.

Bom, mas ninguém nasce sabendo usar o computador/internet. A questão é que, ao mesmo tempo em que é bom poder contactar minha mãezinha a qualquer minuto do dia, também é um teste de paciência ler os e-mails que ela manda. Não os pessoais, esses ai eu ainda aceito bem, apesar de virem cheios de conselhos do tipo "se chover, saia com o guarda-chuva". O problema são aqueles e-mails toscos que as pessoas enviam no intuito de pegar os mais inocentes, os mais desavisados ou a minha mãe.

Uma vez ela mandou um e-mail alertando sobre uma gangue que age da seguinte maneira: lah esta você, bom cidadão, andando tranquilamente pela rua, quando escuta um barulho, uma voz tremida... um choro! Alguém pedindo socorro! Você procura pela voz chorosa e se da conta de que ela vem de um terreno escuro. Você, pobre homem, na tentativa de ajudar aquele ser que sofre e que chora, entra no terreno descuidado e... pimba! Ja era, papai! Te botaram pra dormir e, quando você finalmente acordou, estava... Sim, meus amigos: o caso dos rins e a banheira de gelo. Minha mãe me mandou esse e-mail com receio de que eu pudesse andar pelas ruas francesas e... pimba. Não, mãe. Não se preocupe, eu não vou ajudar ninguém (dessa forma). E, se é pra ter medo, eu tenho medo é de espirito e homem de gravata. Soh.

Outro dia, ela mandou um email que alertava sobre o uso de certas marcas de batom que continham chumbo. Acho que pelo tom do email, eles faziam cair o beiço. So pode. Ai pediam pras senhoras donas-de-casa repassar o e-mail pra outras inocentes como você. Ainda que eu usasse batom!

Resolvi fazer esse post depois de ter recebido o e-mail n° 6.598 que continha um .pss intitulado de "absorvente interno". Eu nunca, jamais, abro arquivo desse tipo, mas como o assunto era relacionado às mulheres, não me contive.

A apresentação tem ao fundo aquelas imagens toscas, desenhos, de mulheres sob a luz da lua, com seus longos cabelos pelo corpo e uma musica altamente funebre, assustadora! O texto:

Você sabia que certos tipos de absorvente interno usam "asbestos" (amianto)? Por que eles fazem isso? Porque asbestos fazem você sangrar mais. Se você sangra mais, logo vai precisa de mais absorventes. Meu deus, é genial!

Por que isso não vai contra a lei, visto que asbestos são tão perigosos? Porque os poderosos, com toda sua "sabedoria", não consideram os absorventes internos como produtos alimentares
(mas como não?!), não consideram ilegais ou perigosos. Pois pra mim, não ha nada mais perigoso que um absorvente interno. Aquela bolinha fofinha de algodão! Que meda!

Ai o cara fala sobre dois absorventes feitos de algodão, mas que não estão disponiveis no Brasil.
Oh! E continua: Uma mulher (uma mulher aih, sabe...) que tem seu PHD na Universidade do Colorado, Boulder, escreveu o seguinte: "Estou escrevendo isto porque as mulheres não são informadas sobre o perigo de alguns absorventes, algo que a maioria de nos utiliza. Eu estou dando aulas neste mês e eu tenho estudado muito sobre biologia e sobre mulher, ja que muitos absorventes internos são realmente perigosos (por essa razão, ao discutirmos o assunto em classe, a maioria das mulheres ficou realmente brava e revoltada com os fabricantes de absorventes), e eu mesma dedidi começar a fazer alguma coisa sobre isto". Essa foi a parte em que eu mais ri. Minha amiga, se depois de um PhD, você escreve assim, eu não quero nem imaginar como era que você escrevia antes da graduação. Tenho estudado muito sobre biologia e sobre mulher. Opa: biologia + mulher = estudo sobre absorvente. Perfeito.

Outros produtos para higiene feminina (absorventes externos) contem dioxina, porém não são tão perigosos, pois não ficam em contato direto com a vagina. Fudeu. Foi ai que eu descobri que eu não sei como usar um absorvente, porque eu costumava colocar o absorvente em contato direto com a vagina, mas agora que eles disseram que não é assim, vou tentar no furico da proxima vez. Os EUA insistem em nao divulgar o assunto. Ah, esses Estados Unidos! São todos uns fanfarrões! Nos estamos sendo manipulados pelas industrias e pelo governo! Eh, existe gente mais inocente que minha mãe.

Vitae

Agora, vamos à grande pergunta: Luciana, como anda seu francês? Bem, querido leitor, meu francês não anda, rasteja. Mas rastejar é melhor que ficar parado. Depois do curso de francês, tenho uma base, ainda que infima, pra formar algumas frases. Camilo passou a falar comigo, em grande parte do tempo, em francês (coisa que era impossivel antes do curso). Eu entendo muita coisa, ja posso participar das conversas e saber do que as pessoas estão falando, mesmo que eu ainda não consiga captar os detalhes da conversa (sei que uma pessoa viajou pro sul na terça-feira, de carro, com a namorada, mas não consegui entender o porquê da viagem, por exemplo). Mas ainda tenho MUITO caminho pela frente.

Hoje vamos resolver mais uma etapa do meu visto, a mais importante, talvez. E amanhã, vamos a uma agência de emprego me inscrever pra ver se eu saio do canto. Tou um pouco estressada com isso, porque... porra, eu não sei falar francês e nunca ouvi falar na minha vida de um emprego onde não se precise dizer uma palavra. E se eu precisar ir a uma entrevista de emprego? E se eu nem precisar disso, e for logo empregada, fico imaginando como vou entender as ordens do patrão, se ele vai ter paciência de empregar uma muda quando poderia empregar outra pessoa "mais habil" pro serviço. Enfim, muitas perguntas. Pode ser também que eu soh seja empregada quando tiver falando perfeitamente, afinal, emprego hoje em dia não cai do céu, ainda mais pra mudos. Nessa hora, eu penso que não adianta deixar a insônia me tomar a noite. Não adianta sofrer por antecipação, mas eu tenho um talento incomum pra isso. Mentalizo diariamente que esse pequeno inferno que eu tou passando por não saber uma porra de uma lingua vai acabar. Vai sim.

Mas antes, uma coisa esquisita. (Fabinho, tas ai?) Pra me inscrever na agência de empregos, precisei fazer meu curriculo. Camilo pegou o curriculo dele como base e saiu apagando as informações sobre ele e adicionando as minhas no lugar. Acontece que o curriculo de Camilo é muito bom. O cara é bilingue (mãe francesa, pai salvadorenho), sabe falar inglês e português numa fluência impressionante. Ja estudou na Espanha, estagiou na Suécia, fez projeto disso e daquilo outro na França e... Bla, curriculo bonito. O meu? Bom, o meu diz que eu entendo isso, mas que não falo muito bem, diz que eu compreendo tal lingua, mas não sei escrever (enrolação). Fala que eu sou formada em Historia e que fiz um estagio num arquivo que, porra, nunca vi serventia praquilo. Fim. Eu não pude segurar o riso na hora. Era patético. Mas esse riso se tornou num abatimento grandioso, do tipo "golpe de misericordia na auto-estima e no juizo dessa menina". Eu preciso me esforçar mais.

Enquanto isso, vou me virando. Fiz minha segunda faxininha na empresa de Camilo e o patrão dele (o nosso?) ja falou que era pra eu ir toda semana. Minha mãe me chama de Solineuza nos emails. Palhaça. Bom, mas ganhei 77 euros até aqui. Nada mal pra uma muda.

Rua dos Bobos

Senta que la vem historia...

Aqui na França, o calendario universitario começa em setembro (para ler mais, clique aqui). Eh por isso, que essa é a epoca mais dificil pra se arranjar moradia. Basta dar uma olhada nas comunidades de brasileiros na França pra ver que os topicos que se abrem com frequência são daqueles que estão à procura de um teto.

Os amigos universitarios aqui costumam juntar-se em grupos à procura de um apartamento pra dividir durante o ano letivo. E agora que chegou setembro, é hora de dar adeus a casa antiga e procurar uma nova casa, com novos (ou velhos) amigos. Atualmente, eu e Camilo dividimos um apartamento com um casal e mais um amigo, todos engenheiros ambientais. Gosto muito do pessoal da casa, mas definitivamente, é hora de renovar! Mudar de problemas, conhecer gente nova, conhecer gente que não faça engenharia, puta que pariu! (95% dos seres humanos que conheci através de Camilo são engenheiros. Cansa).

Então, com essa intenção, Camilo se juntou com um outro pessoal, e assim, partiram em busca de uma casa pra esse novo ano letivo. Acontece que agora não seremos cinco, seremos dez. E uma casa pra abrigar dez pessoas tem que ser, no minimo, grande. E é o que é nossa nova casa! Encontramos uma casa muito legal! Com quatro quartos, duas salas, duas cozinhas, garagem, jardim, porão e... somente dois banheiros. Mas as casas da França são mesmo "estranhas" em se tratando de banheiro: nunca tem suite, o sanitario fica num canto, o chuveiro no outro, o papel higiênico usado é jogado na privada e não no lixeiro. Confesso que acho a versão francesa mais pratica, menos em época de menstruação. Sempre me encontro sentada no sanitario, com uma porra de absorvente usado na mão, me perguntando "o que porra é que eu vou fazer com essa merda?". A vontade é de meter no cu do esperto que pensou em um banheiro sem lixeiro.

Tem uma cozinha e uma sala no andar de baixo e uma cozinha e uma sala no andar de cima. Como não precisamos dessa invenção toda, vamos alugar esses cômodos de cima. As pessoas que viram nossos anuncios começaram a visitar a casa na terça-feira passada. Então, foi por isso que eu não compareci à festa dos japoneses, porque eu queria ver as figuras ilustres que queriam morar concosco.

Recebemos uma menina que queria desesperadamente uma casa nova porque havia rompido ha dois dias com o namorado que morava com ela. Mas dai ela soube que o aluguel era somente pro mês de setembro. Depois desse periodo é que iamos selecionar as pessoas que ficariam. Todo mundo estava ciente disso, mas quando ela ouviu essa informação disse "ah, somente um mês? Então eu não preciso me esforçar pra ser legal". Nem preciso dizer que essa voou da parada, né?

Outro ser que chegou na casa foi chamado carinhosamente por mim de Vampiro. O cara tinha 42 anos, os olhos maiores que a cara, o olhar estranho de assassino e um jeito de andar de falar e de gesticular que por si soh denunciava que ele não tinha exatamente o perfil "jovem" (ou "saudavel"?) que estavamos procurando nos moradores.

Outro candidato era um mexicano que eu implorei pra que ficasse na casa como "teste" durante o mês de setembro. Desde sempre eu disse a Camilo que seria legal eu ter na casa alguém que não fala francês perfeitamente, que estah na fase do aprendizado (apesar do cara ja falar francês tranquilo). O povo aceitou. Nessa noite, o mexicano nos apresentou à uma amiga mexicana. Gostamos dela e perguntamos se ela não queria morar com a gente nesse mês. Ela aceitou. Agora todo mundo gosta mais da mexicana do que do mexicano. Adorei ela! Adorei ter americanos na casa! Espero que eles sejam legais e possam ficar durante o resto do ano.

Nesse mês, como a casa é grande e tem muita gente sem teto, passarão pela casa quase 20 pessoas durante as proximas semanas. Em outubro a coisa vai se normalizar. Saem umas pessoas, entram outras (eu e Camilo). Ah! Talvez recebamos aqui em casa duas brasileiras que estão sem teto também. Talvez.

Tou muito feliz com a casa. Muito mesmo. Ela é enorme, é cheia de detalhes, compartimentos, toda equipada, nova, linda! E eu vou ter um jardim novamente! Falta soh convencer as outras 642765 pessoas a ter um cachorro! Assim eu teria com quem conversar.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Me restou o limão

O curso de francês encerrou na quinta-feira passada, 27. Foi esquisito, eu tava estranhamente emocionada por ter que me despedir de 15 japoneses que eu mal conhecia. Ok, que eu não conhecia em nada. Apesar de eles serem muito divertidos e fofos e educados e legais e tudo mais, a saudade era simplesmente pura tristeza e o prenuncio de mais uma outra temporada que eu passarei isolada dos outros seres vivos (os pensantes, claro, porque ser vivo por ser vivo, e eu estaria muito bem acompanhada dos tomates que Camilo cultiva ha meses aqui na janela do quarto. Tou quase tentando um dialogo com eles).

Numa sessão tosca, quer dizer, solene, recebemos o diploma, tiramos algumas fotos (a que estah no fim do post é a unica que as pilhas preguiçosas da maquina permitiram que eu tivesse) e depois fomos pra um salão encher a pança com uns aperitivos que a Universidade preparou. Chamaram aquilo de "confraternização", mas a briga do povo por um espaço perto da mesa não lembrava em nada um momento fraterno. Eu, que fiquei com medo de levar uma mordida de alguém, tive que me contentar com os bombons de limão que sobraram em cima da mesa. Também tomei um copo de Pepsi morna.

Depois da emocionante confraternização, fomos à ultima aula do curso. No fim dela, os japoneses tiraram mais uma duzia de fotos com a professora e, finalmente, me vi no momento da despedida. Fui séria e me apressei em sair da sala depois de ter recebido o ultimo "salut" do ultimo japonês, porque tenho pavor de despedida e abraço.

Acabei não indo pra festa dos japoneses. Tanto pra evitar mais uma despedida, como porque eu tinha uma coisa pra fazer: escolher os moradores da Torre de Babel versão francesa: minha proxima moradia. Assunto do proximo post.

Mas chegando ao fim e apresentando:

UM - Essa é a mexicana da turma, Lariza. Desconfio de que ela não foi muito com minha cara. Pela desconfiança, nunca me atrevi a falar com ela. Ela deveria desconfiar a mesma coisa em relação a mim, pois tampouco falou comigo durante todo o curso.

DOIS - Maiuko: a menina que me deu o prendedor de cabelo. Infelizmente, são as unicas informações que tenho à respeito dela.

TRES - Esse é Shohei, definitivamente, o cara mais disciplinado e estudioso da turma. Eh o unico dos japoneses que tem o inglês perfeito e o francês bastante claro.

QUATRO - Essa é a minha amiguinha Keiko! Hihi Sentavamos sempre juntas e faziamos todas as atividades em dupla. Eh ela a menina que citei em um dos posts passados.

CINCO - Mami Sugino: sentava do meu lado direito. Me corrigia centenas de vezes na gramatica. Eu sempre recorria à ela quando não sabia de algo (ou seja, quase sempre).

SEIS - Kaoru: a primeira pessoa que conversei no curso. Ela sempre foi fantastica comigo. Ela estuda na Italia e por isso entendia algumas coisas que eu deixava escapar em português.

Talvez

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