quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Qual o problema de ser uma puta?

Li um artigo em francês que entra na série "mais atual, impossivel" e que, por sua utilidade publica, me fez querer traduzi-lo e publica-lo neste meu amado espaço. Por favor, nao analisar muito o nivel da traduçao, eu fiz o que pude. Foca no que interessa.

A verdade sobre as verdadeiras putas


Eu sou uma puta. Uma puta de puta, puta. Eles dizem isso direto. Os que leem meu blog e nao estao de acordo com o conteudo. Os que nao me amam. As mulheres que pensam que o sexo é repugnante. Os caras que querem boas meninas pra apresentar às suas maes e que pensam que, porque eu falo abertamente de sexo, eu nao gosto dos jantares de familia ou das maes.

Eles tem muitas razoes pra pensar o que eles pensam. Eu ja dormi com um monte de homem. Mais de dez. Mais de vinte. A gente continua ? Eu ja escrevi muito sobre minha vida sexual. Eu dividi historias pessoais porque eu pensei, e penso ainda, que nao somente eu escrevo bem, mas que eu escrevo uma boa histoira. Uma historia que, eu ainda estou convencida, tera um "happy ending" em alguma parte nessa porra, entre os emails injuriados e o papel que alguem colocou no carro da minha mae, estacionado numa estacao, no qual estava escrito "eu espero que voce esteja orgulhosa da puta que voce educou". 

Eu comecei a assistir a série The newsroom, de Aaron Sorkin. No começo, eu odiei o personagem de Sloan Sabbith. Essa cronista de economia, excepcionalmente atraente, loucamente inteligente e jamais desprovida de uma reposta espirituosa.

Atençao, spoiler, se você assiste à série.

Eu assisti o episodio que saiu no domingo passado. Dois momentos que prenderam mais do que tudo. Maggie pergunta à Sandra Fluke : "qual é o problema de ser uma puta ?". O segundo momento, é uma situaçao complicada na qual se encontra Sloan Sabbith. Ela sai com um cara. Ele tira fotos dela, ela ta de acordo, depois ela termina a relaçao. Ele publica as fotos na internet. O mundo inteiro vê o corpo da jovem menina. Sua carreira esta em perigo. Todo mundo fica sabendo. O rumor corre solto. Ela se senta no chao de um quarto escuro, chorando, e diz baixinho : "eu quero morrer".

Eu nunca me imaginei um dia me sentir grata à Aaron Sorkin. Por tudo. Mas eu agradeci baixinho à Aaron Sorkin.

Mais ao longo do episodio, Sloan Sabbith da de cara com seu ex, que publicou as fotos, no momento em que ele esta no meio de uma reuniao. Ela da um chute no saco dele, acerta uma direita e tira uma foto do seu nariz sangrando.

A puta ganhou. E isso, meus amigos, é magico. Porque, vejam vocês, a puta nao ganha nunca. As meninas que tiveram suas fotos publicadas na internet, nao ganham nunca. Elas perdem o emprego delas e a reputaçao. Elas sao humilhadas e forçadas a levar sua vergonha. Vergonha de seus corpos. Elas devem se desculpar por serem sexualmente ativas no meio privado. Por essas coisas que nohs fazemos na intimidade de nossos quartos que nohs nao deveriamos fazer, mas que nohs fazemos mesmo assim, porque existem nove bilhoes de habitantes nesse planeta e eles chegaram aqui de uma maneira ou de outra. Sloane Sabbith se senta no seu quarto escuro e diz : "eu quero morrer". Porque ela deixou seu namorado tirar fotos e ele as publicou. Nao foram fotos dela matando cachorrinhos, batendo em criancinhas ou estuprando pessoas idosas. Sao fotos dela. Do seu corpo. Essa coisa que vive sob suas roupas. As partes do seu corpo que sao, de certa maneira, mais ofensivas que os dedos dos seus pés. 

Depois chega Maggie com essa frase que resume o que eu me esforço dizendo ha muitos anos. "Qual é o problema de ser uma puta ?"

Fim do spoiler

Nohs temos todas medo de receber essa etiqueta. E a ironia dessa historia, é que a maior parte de nohs (e talvez eu esteja errada sobre esse ponto, mas eu estou quase certa de ter razao) fazemos essas coisas como as verdadeiras putas fazem. Nos tiramos fotos. Nos enviamos mensagens de texto safadas. Nos dormimos com nossos namorados. Nossos maridos. Nos chupamos. Nohs nos despimos. Nohs temos uma vagina. Nohs a utilisamos. Algumas entre nohs, as vezes, sentem mesmo prazer em utilisa-las. Nohs temos seios e mamilos e nadegas. Entao, com certeza, nohs deveriamos todas ter vergonha. Porque somos as unicas a fazer esse tipo de coisa. Você me entende, você, mulher do mundo inteiro ? Você é a unica a fazer o que você faz com esse cara (ou essa menina, ou pior, COM OS DOIS). E isso é tao terrivelmente ofensivo, ruim e vergonhoso. Como? Você quer saber por que ? Oh. Porque… puta ?

Me chamaram de puta outro dia, na internet, no que deve ter sido a milésima vez. Por causa de um artigo que eu escrevi sobre o emprego de barman. Como se fosse também uma injuria. Eu nunca ganhei o prêmio Pulitzer. Mas vocês sabem quem eu sou ? Uma boa pessoa. Eu sou perfeita ? Nao. Eu cometo erros ? Absolutamente. Grandes erros ? As vezes. Eu fiz coisas das quais eu me arrependo ? Sim. Eu faço coisas que eu nao me arrependo mas que, segundo alguns, eu deveria me arrepender ? Sim. Eu sou um ser humano. Eu tenho seio. E uma vagina. E a maneira com a qual eu os utiliso nao faz de mim alguém bom ou mal. Eu escrevi uma vez que se uma mulher descobrisse uma vacina contra a aids, mas no dia seguinte fotos dela nua com um vibrador viessem à tona, essa ultima parte seria a manchete dos jornais. Porque, evidentemente, os vibradores fazem mal às pessoas (piadas à parte). Evidentemente, uma mulher tendo uma relaçao sexual ofende as pessoas. Uma mulher tirando fotos dessa coisa assustadora sob suas roupas ? Falemos sério, eu nao diria que seria tao horrivel quanto uma criança com cancer, mas… na verdade, sim.

Eu agradeci silenciosamente Aaron Sorkin, nao porque ele soube sair do pensamento quadrado e abrir um debate sobre o sexismo, as mulheres e "dois pesos, duas medidas". Esse duplo padrao incrivelmente frustrante, existirah até o fim da minha vida e ainda muito tempo depois disso. Desculpa cortar seus coraçoes, senhoras. Mas eu agradeci Aaron Sorkin de ter dado à puta "aberta" o "happy ending". De ter lembrado ao mundo que a puta que se deixa flagrar fazendo coisas (que todo mundo faz) e que ninguém ousa fazer, é ainda sim, alguem bom. Que mesmo com internet, os blogs de fofoca e de "dupla moral", as putas podem ganhar sempre. E ter esses momentos onde elas atingem o saco de um cara e o faz se arrepender de ter um pênis nesse momento, da mesma forma que as mulheres se arrependem de ter uma vagina quando uma foto da dita vagina é publicada na internet. 

Eu me recuso a me desculpar de ser uma verdadeira puta e de escrever sobre esse assunto se isso puder evitar que uma menina, nesse pais, se sente num quarto escuro dizendo que ela quer morrer porque a chamaram de puta. Por lembrar ao mundo que as putas podem fazer boas açoes. Elas praticam esporte, ganham trofeus e ajudam doentes. Elas ganham causas e eleicoes. Elas amam suas familias. Elas podem ser boas amigas que trabalham voluntariamente num abrigo de animais e que enviam correios aos soldados no exterior. Elas podem dar 10$ a um sem-teto que ninguém da atençao. E elas nao fazem isso por se desculparem por serem putas. Elas o fazem porque ela sao boas pessoas. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Round II

Meu coração tá batendo
Como quem diz:
"Não tem jeito!"
Zabumba bumba esquisito
Batendo dentro do peito...

Falei aqui, mas aparentemente nao expus suficientemente minha vida. Hohoho. Post rapido pra acalmar os coraçoes - porque sei o que é um coraçao preocupado.

Teu coração tá batendo
Como quem diz:
"Não tem jeito!"
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito...

Crianças, vou fazer um breve post relatando com mais detalhes o que ha. O que haverah: preciso fazer uma cirurgia pra corrigir o que conhecemos como "sopro no coraçao". Ponto. Nasci com isso, nao quero morrer com isso. 

Como eu gosto muito do meu coraçao, apesar das coisas que ele me faz sentir... (ou justamente por isso?) eu gostaria de remenda-lo. Isso me darah algo como uma melhor qualidade de vida. Qualidade de vida pra mim é tomar cerveja na beira da praia com meus amigos. Ou tomar cerveja, somente. Mas ao que me aparece, os medicos nao estao de acordo com minha simploria filosofia de vida e logo vou fazer outra temporada num hospital lionês. 

Vou mandar consertar o bichinho aqui mesmo. Fiquei apavorada com a historia do tumor, por isso fui pro Brasil. Acho que a tal depressao nao ajudou muito, mas, uma vez esta ultima vencida, estou de peito aberto para receber uma nova cirurgia por aqui mesmo. Mais estrupiado do que ele estah, ele nao pode ficar. Eh o que esperamos. 

Coração-bôbo
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João
A gente
Se ilude, dizendo:
"Já não há mais coração!"...


Talvez

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