sábado, 28 de maio de 2011

04. Do que é diferente - Fête des voisins

Na ultima semana de cada mês de maio, a França comemora a Festa dos vizinhos. A idéia surgiu em 1999 com o proposito de estimular as relacoes entre os moradores dos bairros. Eu nunca tinha ouvido falar na festa até um dos meus colocs resolver organizar uma aqui em casa, ontem. Pro caso francês, isso é fantastico, porque as pessoas aqui nao moram, se escondem. No Brasil, eu pensaria mais numa campanha pra que os vizinhos nao participassem tanto da vida alheia.

"Bom dia, eu sou o babaca do quinto andar!"
"Oi, eu sou a puta do terceiro!"
Apesar de existir ha pouco tempo, a festa parece ser bem popular. Meu coloc foi na sub-prefeitura e pegou o material que ela disponibiliza pra festa: cartazes, baloes, convites, camisas e adesivos pra colar na blusa onde os vizinhos escrevem seus nomes pra facilitar o reconhecimento durante a festa. 

Eu moro ha quase dois anos aqui e o unico rosto de vizinho que eu conheço é o da vizinha da frente, e somente porque ela sai de casa pra fazer feira no mesmo momento em que saimos. Mas desconheço os moradores de toda a rua - que consistem basicamente em velhos solitarios e ranzinzas. A vizinha do lado, um amor de pessoa, ameaça denunciar a gente por uma construçao que fizemos sem permissao da prefeitura. Nao, a construçao nao foi no jardim dela, foi no nosso, mas ela nao gostou e pronto. 

A perdiçao das crianças. E a minha
Pra festa, pensei em fazer um prato brasileiro, algo bem elaborado. Entao, fiz brigadeiro. Foi dificil. Mas dificil mesmo foi explicar às pessoas que aquela sobremesa nao tinha nada além de leite condensado como ingrediente. Eh que francês nao curte muito doce. O leite condensado daqui, por exemplo, é diferente, é menos doce! 

Mas o primeiro desafio da festa foi o de convencer as pessoas a participarem dela. Depositamos convites nas caixas de correspondência, mas como a vizinha da frente é especial, uma coloc foi falar com ela pessoalmente na vespera da festa e a convidou pra conhecer nosso jardim. Minha gente, que desgraça. Nosso jardim é a ultima coisa apresentavel desse mundo. Temos um bom espaço na area externa da casa onde cada coloc poe em pratica seus projetos: temos uma estufa onde plantamos tomate; a construçao da discordia, ja citada, em madeira, pra guardar nossas bicicletas; temos um forno à lenha; um grande espaço pro composto e, em breve, teremos um... galinheiro.


Pessoas de boca cheia 


Da esquerda pra direita, vos apresento: torta de chocolate, quiche, brigadeiros, cerejas,  purê de lentilhas, mais torta, paes e pessoas sem importância ao fundo


Vizinho faminto e eu 

 Mas tudo isso é assunto pra um outro post. O que importa neste é que, pra fazer o fogo do forno à lenha, precisamos de que, amiguinhos? De leeenha. Entao, o pessoal passou a juntar todos os restos de madeira e pau que viam pela frente e o resultado é que parece que toda a madeira do universo se encontra no nosso jardim: resto de cadeira, tabua de mesa, galho de arvore, bau, sequoia etc. O monte de galho fica bem na entrada do bêco que da acesso aos fundos da casa, e sempre que eu passo por la, eu prendo meu vestido, minha saia... Eh perigoso se aproximar, ja perdemos dois gatos, uma criança e um vizinho que tentaram passar por essa area. Eles tao la até hoje se debatendo.

Eh sério.

A vizinha, quando viu nosso jardim, ficou impressionada com nossas plantaçoes, mas quando viu o tanto de madeira amontoada disse chocada "mais ça fait un peu de bordel quand même!" que em traduçao livre (livre de certeza) quer dizer "puta que pariu, que bagunça do carai". Inclusive, acho que ela nao veio pra festa com medo de ficar engalhada.

Como nao recebemos confirmaçao de nenhum vizinho, ficou aquela tensao no ar se teriamos uma festa de vizinhos sem vizinhos. Pouco a pouco, as pessoas foram chegando. A primeira, foi uma vizinha ja conhecida que é freguesa da nossa lojinha - temos uma micro-loja na garagem de produtos bio em processo de desenvolvimento: igualmente assunto pra outro post. Ela veio com a familia. Depois chegou um velhinho solitario que encheu a cara e contou a historia da nossa rua. Finalmente, chegaram mais duas familias. Uma delas era composta por um guri que tocava violao e uma menina que tocava flauta. O guri conseguia dedilhar alguma coisa sem fazer o ouvido doer, mas a menina... Aplaudi por educaçao, mas a vontade mesmo era arremessa-la no monte de galhos. A flauta dela e meus pensamentos:

- Fi-foooom fiii-foooom!
- Eu podia ta roubando. Eu podia ta matando.
- FI-FOOM FI-FOMM...
- Mas nao... Estou aqui escutando essa...
- Fiiiiiiiii... Fooooooommm...
- ...pessoa. 

Quando ela acabou, eu fui a primeira a aplaudir: aplaudi o silêncio.

Mas a festa foi otima! Nao serviu muito pra mim no proposito de conhecê-los, ja que eu sigo sem saber o nome das pessoas ou a casa onde eles moram. Mas é bom guardar boas relaçoes com os vizinhos, dificilmente estes vao chamar a policia quando das nossas festinhas barulhentas.

Por falar nisso... hoje é o meu aniversario! *dancinha

Taih, nao curto envelhecer, mas esse é o unico dia em que eu sou babada e mimada ao extremo, entao, aproveito! O dia nem acabou e ja foi lindo! Fomos a um restaurante indiano na parte antiga da cidade (Vieux Lyon). Depois compramos uma cerveja e fomos dar uma voltinha. Vieux Lyon é a parte mais turistica da cidade e hoje tava tendo uma feira onde as pessoas da organizacao estavam vestidas em trajes medievais. Louco! Tinha uma tenda com tiro ao alvo onde a arma era uma besta. Lembrando que a besta da qual eu tou falando é mais parecido com isso,


do que com isso:

    
E por falar em animais (tou parecendo o wikipedia e seus hyperlinks), as galinhas acabaram de chegar! Acreditem ou nao, elas sao presente de aniversario de uma das colocs. Ela faz aniversario amanha, entao, faremos uma festinha hoje aqui em casa. Por conta disso, vou me recolher aos meus aposentos e descansar um pouco pra estar disposta hoje à noite.



quinta-feira, 26 de maio de 2011

Livres (com update)

A Brabuleta recebeu um meme, repassou pra Rita, que repassou pra mim. Meme sobre livros que lemos e que deixamos de ler. A quantidade de livros que estas nobres pessoas leram me constrange, porque meu curriculo literario nao é tao extenso quanto eu gostaria que fosse, mas a gente se mete mesmo assim a falar de livro. Emperiquitando o comentario que deixei na Borboleta:


1 — Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?

Li e reli varias vezes O diario de Anne Frank. Eh absurdo dizer isso, mas foi identificaçao profunda e a cada leitura eu vejo algo diferente. Lembro perfeitamente do dia em que ouvi falar dela pela primeira vez: eu tinha uns doze anos, tava na rodoviaria de Joao Pessoa com minha mae, numa fila sem fim, quando ela comentou sobre essa menina que ficou escondida durante a Segunda Guerra "num quarto". Fiquei louca de curiosidade. Ela me comprou o livro algumas semanas depois num sebo (update: nesse post, eu digo que implorei por dois anos pelo livro à minha mae. Memoria, essa safada). Paginas amareladas, cheirando estranho. Muito amor. 

2 — Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?

O morro dos ventos uivantezzzZZZzzz. Cheguei três vezes na metade, trouxe ele pra França, mas acho que é caso perdido. Mas Kate Bush cantando (e dançando!) Wuthering Heights é tudo o que ha. 

3 — Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?

Sem duvida alguma, Cem anos de solidao. Chorei feito uma desgraçada quando o livro acabou. Fiquei assim, em estado de choque. Orfa. 

4 — Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?

O segundo sexo, porque procrastinar, prazer, é meu nome. 

5– Que livro leste cuja ‘cena final’ jamais conseguiste esquecer?

Ah, o final de Eramos seis. Afinal, quase minha familia, né...


6– Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?

Nao chamaria de "habito" hehehe Digamos que eu lia mais que as outras crianças, o que nao significa nada, ja que brasileiro nao tem habito de leitura e ler uma caixa de fosforo ja te faz ficar acima da média nacional. Mas eu lia o que a escola pedia e outras coisas que ficavam na despensa de casa: livros didaticos sobre sexo (foi quando aprendi quantos buraquinhos eu tinha), Turma da Mônica forever, a revista Seleçoes dos anos 50 do meu avô (vocês nao tem idéia do quanto uma revista pode ser machista), As anedotas do Pasquim, contribuiçao inestimavel e imensuravel pra formaçao da minha escrotagem do meu carater. 

Meu tio (o tal que matou um cara e foi assassinado, que eu comento no perfil do blog), deixou uns manuais da Disney que minha mae, por motivos obvios, tinha o maior ciume, guardava à sete chaves. E a gente sabe que o que é proibido é mais interessante... Entao, quando ela saia de casa, eu destrancava as sete trancas. Fui procurar agora as imagens dos manuais e... quanta emoçao! O que eu mais gostava era esse dos escoteiros mirins: eles ensinavam a fazer uma fogueira. Eu nunca aprendi. O falecido também tinha uns gibis do Mortadelo e Salaminho que eu AMAVA, morria de rir, e que minha tia jogou fora quando de uma mudança. Gosto nem de lembrar. Ele também tinha uns livros de contos de terror que eu adorava! Mas depois eu tinha pesadelo à noite e nao podia dizer a minha mae o por que. Jênia.

7. Qual o livro que achaste chato e mesmo assim leste até o fim? Por quê?

Madame Bovary foi tortura chinesa. Li até o fim porque ja havia tempos que eu queria ler o livro e porque nao gosto de deixar livro pela metade, mas ô coisa dificil!

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.

A insustentavel leveza do ser (presente de uma girafa); O iluminado e O exorcista (pelas imagens terriveis que me proporcionaram. Obrigada); Lolita (por conseguir me fazer torcer pelo pedofilo).

9. Que livro estás a ler neste momento?

Ulysse from Bagdad. Livro bobinho cuja importância esta mais ligada ao fato de me ensinar a conjugar os verbos no imperfeito que à historia em si.  


terça-feira, 24 de maio de 2011

De como um anel (nao) legitima relaçoes amorosas

Ontem tava rolando uma discussao no twitter sobre o uso de alianças. Alianças, aquelas coisas que as pessoas costumam colocar no dedo quando se casam. @AmandaLourenco disse que nao reparava nas pessoas que a usavam e que nao sabia nem mesmo qual era a serventia de uma aliança. Eu desconfio que tem algo a ver com dominio. Eu juro que posso entender que algumas pessoas se sintam bem usando alianças sem que isso tenha alguma coisa a ver com minha explicaçao. 

@adelialund disse que usava aliança, mas que seu marido nao usa e que ela nao se importa com isso. Tenho um casal de amigos que, nem sei se usam aliança, mas fizeram cada uma tatuagem igual. Taih, acho uma forma muito mais criativa (e até mais séria) de mostrar uniao e comprometimento com o outro. Mas a grande maioria costuma usar aliança pra mostrar à sociedade que nao esta disponivel ou exige do parceiro o uso da aliança pra esse fim. E é isso que eu acho muito tosco. Acharia muito tosco se Camilo me pedisse pra usar aliança. Sinal claro de que ele nao confia em mim. Mas essa é minha opiniao, claro. 

Usar uma aliança como soluçao pra manter possiveis paqueras longe é a saida mais inocente do mundo pra mim. Porque, primeiro, existem as pessoas como Amanda, que sequer percebem esse detalhe na mao do cidadao. Segundo, porque existem pessoas que nao estao muito preocupadas no status amoroso de alguém que elas estejam afim. E, terceiro, se você estiver disposto a trair, nao vai ser um anel que vai te impedir de fazer isso, certo? Ja trai e ja fui traida suficientemente pra saber que essa questao nao se resolve através do uso de um anel. 

Tenho um amigo que namora ha dez anos uma menina e que estava sendo paquerado no trabalho por uma amiga. Perguntei se essa menina sabia que ele tinha namorada e ele respondeu "ela deve saber, eu uso um anel prateado de 1cm". Oh, meu deus! Se eu visse um anel prateado de 1cm na mao de um homem, eu ia pensar que se trata de... um anel prateado de 1cm na mao de um homem, e nao que ele namora sei la quem ha uma década. 

No começo de 2010, eu tava no Brasil e fui curtir meu carnaval em Olinda (Camilo ficou na França porque tava trabalhando). Fomos (uma amiga, um amigo e eu) pra Olinda de carona com um cara que conhecia as pessoas da casa em que iamos nos hospedar - ele ficaria igualmente hospedado lah. Na viagem de ida, notei que o cara ficava me sacando de uma forma esquisita, mas ignorei. Quando chegamos em Olinda, nao sei como, a conversa que vinhamos tendo acabou tendo como tema meu casamento e o cara sugeriu que eu tava ali pra trair Camilo. Eu disse que nao, que nao era porque eu tava em Olinda que eu nao respeitava (ou nao poderia respeitar) meu marido. Entao, todo indignado, ele lembrou que eu estava sem aliança e sem marido. Porque é isso: a gente so respeita o macho se ele tiver colado do lado. Nesse caso, eu soh poderia ser respeitada se tivesse uma aliança. A noite, o cara continuou investindo e chegou ao ponto de sentar ao meu lado e roçar as pernas cabeludas dele nas minhas pernoquinhas lindas de meu deus. Tomah-no-cu! Fiquei muito puta!* O cara sabia que eu era casada, mas continuou dando em cima. Agora pergunto: se eu tivesse uma aliança ele teria me respeitado? Algo me diz que nao. O pior dessa palhaçada é que fiquei com sentimento de culpa. Alias, como ficamos sempre, é de praxe. 

Chegando em Joao Pessoa, comentei o caso com minha mae que, contrariadissima com a historia, perguntou por que diabos eu nao usava uma aliança. (suspiro) Nem preciso dizer que Camilo, ao saber da historia, nao exigiu que eu começasse a usar uma coleira aliança, nao é? De vez em quando, minha mae chegava pra mim "ô, minha filha, por que você nao usa uma aliançazinha, hein? Pode ser uma bem discretazinha". Naozinho, maezinha, obrigadinha. Soh usaria uma aliança se ela viesse com um raio-laser capaz de abrir no meio gente sem noçao. Aih valeria a pena. 

- Como é você quer que eu respeite você, se você vem sem aliança e...
- ZEEEEEUUM! 

Cabou-se. 

* Antes que eu alguém pense que eu tou me fazendo passar de ultimo bastiao da honra em pleno carnaval, adianto que eu nao tenho problemas em ser paquerada. A minha indignaçao nesse caso foi (também) a de ter que aguentar as investidas de um babaca machista que achava que poderia dar em cima de mim pelo fato de eu nao usar aliança em pleno carnaval. Contexto é tudo nessa vida, nao é mesmo?


domingo, 22 de maio de 2011

Quem gosta de ménage?

A semana de provas aconteceu semana passada. Cinco exaustivos dias onde o esquema era acordar às 8h, revisar a prova do dia, fazer a prova, voltar pra casa e revisar a prova do dia seguinte até a hora de ir dormir. Quando tudo acabou, eu soh pensava em fazer uma coisa: faxina. Nao é que eu curta fazer faxina (mentira, eu curto), mas se vocês vissem o estado da minha casa, entenderiam. O problema é que aqui em casa existem dez pessoas pra sujar e duas ou três pra limpar - sem contar os que sujam por cinco. 

Eh comum encontrar casca de cebola no chao da cozinha, o lixo do banheiro transbordando, roupas pelo sofa etc. A bagunça que eu mais admiro sao os copos espalhados, eu os encontro até no banheiro. Morando em dez, "a gente" costuma fazer uma baguncinha aqui e ali esperando que alguma outra pessoa va arrumar ("alguma outra pessoa" = eu). Eles deixam copos em cima do centro da sala e acho que esperam que eles ganhem vida durante a madrugada e caminhem todos juntos de maos dadas até a pia. Infelizmente, isso nunca aconteceu. 

o balde da faxina
Entao, ontem, aproveitando que todos os moradores da casa viajaram, eu comecei uma pequena faxininha ao meio-dia que se desenrolou até as 19h. Eu toquei o terror no mundo das aranhas. Eu apontava o aspirador e elas começavam a gritar e a correr, mas eu VLUPT! à todas! Claro que depois do processo eu perdi todas as minhas capacidades de movimento e fui me arrastando feito uma ameba até a cama onde fiquei durante 30 min pensando no sentido da vida. A amebice, a cama e a questao filosofica foram um oferecimento da minha embriaguez porque, né, a gente tem que compensar com algo. Foi um dia util. 

::

Pra celebrar os dois anos oficiais de França feitos ontem (iêi!), fiz algumas mudanças no blog. Espero que tenham aprovado!


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Os passaros

Semana passada, Camilo me perguntou se eu gostaria de passar o fim de semana em Côte d'Azur. Apesar de se tratar do meu ultimo fim de semana de estudo antes das provas (que estao rolando essa semana), nao levei muito tempo pra me decidir. 
Do alto do meu pescoço, pensei "por que nao?", afinal, Côte d'Azur = mar. E Luci gosta de mar. Luci nao via mar ha mais de um ano. Luci gosta de falar na terceira pessoa. Mas Luci vai parar. 

A casa em que ficamos é de uma colega de trabalho de uma menina que mora com a gente. Uma coisa assim, impressionante. Perguntei à Camilo e a uma colega dele o quanto ela, a casa, valeria. Chutei dois, três milhoes, mas eles disseram que era bem mais que isso, que nao tinha nem como calcular. Enfim, casa de um povo que nao passa aperto. 

Em uma das disciplinas de geografia da faculdade, a gente estuda as regioes francesas e a distribuiçao de riqueza entre elas (é bem interessazzZZZzzz). Professor disse que o sul era o lugar dos velhinhos, que os franceses aposentados iam pra la gastar suas aposentadorias. Pois bem, pude confirmar isso. A gente ficou na cidade de Saint Raphael. Minha gente, parecia um mundo paralelo dominado por velhos. Velho, velho, velho. Se eu fosse investir nesse lugar, com certeza apostaria em farmacias, hospitais e cemitérios. 

Fomos comprar pao pro café da manha e vimos no caminho dezenas de velhinhos fazendo ciclismo. Aqui na França, é muuuuito comum ver equipes de ciclistas, com uniforme e tudo, fazendo... ciclismo. Quando chegamos na padaria, tinha um velhinho ciclista comprando pao. A caixa perguntou "oh, você anda com uma nota desse valor enquanto faz esporte?" Era uma singela notinha de 100$. Esperei que ele fosse dizer a ela "fique com o troco", mas nao rolou. Pois é, pessoas que compram pao com notas de 100€. 

Pra minha sorte, choveu durante todo o sabado, entao nao foi realmente um sacrificio ficar dentro do quarto estudando. Mas no domingo...

Aqui os caranguejos sao felizes


Gordo lindo bocejando


A outra perna ta debaixo do chapéu


:(

No sabado, um amigo foi pegar ouriço. Que coisinha nojentinha e fedorenta! Mas essa nao era a opiniao da gaivota que apareceu por la. A gaivota tava completamente enlouquecida atras dos ouriços deixados na varanda. Ela dava uns voos rasantes e tinha um olhar maligno. A gente espantou ela, mas a marvada voltou no dia seguinte, determinada. Colocamos a mesa na varanda e, à mesa, um delicioso prato de quiche. Em dois minutos, tinhamos um passaro comendo nosso almoço. Enquanto a gaivota se fartava, uma das meninas gritava. Fiquei sem saber se eu espantava o passaro ou se eu batia na menina pelo escândalo. 

Depois de compartilharmos o que sobrou da comida, tive a excelente idéia de tomar banho de mar. O que poderia ter sido um maravilhoso mergulho em aguas mediterrâneas, se revelou uma sessao de tortura. Tirei o biquini da mala. Peguei minha toalha. Lambuzei a cara de protetor solar e desci toda serelepe pra praia. Quando coloquei minhas patinhas na agua, descobri que a vida nao é tao bonita assim. A agua tava gelada e, 15 min depois, eu ainda estava na mesma posiçao tentando arrumar coragem, enquanto Camilo ja devia ter feito Saint Raphael - Malta à nado. Quando finalmente entrei no mar, fiquei me debatendo, engoli agua... e sai cinco minutos depois. Phino. 


Talvez

Related Posts with Thumbnails