quarta-feira, 27 de abril de 2011

Solo

La vai.

Eu e meus irmaos crescemos ouvindo, quase que diariamente, que estavamos abaixo intelectualmente das outras pessoas. Ouvindo de quem? Do nosso querido genitor. Eu sempre fui comparada à filha do gerente do banco em que ele trabalha, à filha da vizinha, às minhas primas, às minhas melhores amigas... Todo mundo era mais esperto e mais capaz do que a gente. Essas pessoas faziam Medicina ou Direito e estavam em cargos publicos de salarios exorbitantes. E eu... eu era soh uma aluna de Historia. Uma "vagabunda". Quando você tem 25 anos e escuta coisas desse tipo, você nem mesmo pensa em ouvir o sermao até o fim. Mas quando você tem 12 anos, brother, isso te afeta. E quando esse se torna o mantra do seu pai, ja era. Cresci assim: acreditando que eu nao podia. Me convenceram disso. Me convenceram realmente que eu sou inferior à qualquer criatura. Mas eu escuto, nao raramente, inclusive do meu pai, que eu sou forte. Que eu sou forte por estar aqui na França, por estar numa faculdade no "estrangeiro", por estar enfrentando todos os problemas que a distância da terra natal pode trazer. Mas eu nao levo esse reconhecimento em consideraçao, pelo menos nao ao ponto de ter uma postura mais positiva em relacao às minhas capacidades. Eu nao quero desistir de nada porque isso seria confirmar tudo aquilo que meu pai pensa de mim. Meu complexo de inferioridade, meu medo e minha timidez ainda nao impediram que eu colocasse em pratica as coisas que eu planejo. Mas isso nao quer dizer que eu nao faça essas coisas me cagando de medo. Eu sou chorona, admito. Eu choro muito, eu choro por qualquer coisa. Eh uma forma nada original de escape da qual eu dependo. E eu tento me convencer de que isso nao me faz necessariamente uma pessoa fraca. Eh que eu ando com o coraçao na mao, assim, ao vento. Eh por isso que quando alguém me diz alguma coisa ruim, eu me sinto destruida, mas o efeito inverso vem pra equilibrar minha vida: basta eu escutar algo positivo, qualquer palavra de afeto, e eu me derreto. E, olha, eu gosto de ser assim. Eu pretensiosamente acho que vivo mais que muita gente. Minha vida nao é a mais fantastica, minha rotina se limita à "casa-faculdade-trabalho", mas eu sinto tanto que as vezes fico cansada. E, por algum misterio que eu ignoro, eu consegui reunir ao meu redor, sem perceber, um bom numero de pessoas que sao mais ou menos assim, intensas. Eh isso que torna minha vida, apesar de todos os probleminhas que eu possa ter, florida. Linda. 

O impulso que me levou a escrever esse post, foi um email que acabei de receber, da dona desse blog aqui (e que me fez chorar, claro). Eu nunca vi essa mulher na minha vida! E, de repente, sei la, ela se tornou muito mais compreensiva e preocupada comigo como jamais meu pai sera (e isso nao vem de hoje). E a cadeia de eventos que me ligou à ela (através dos nossos blogs) me ligou também a outras pessoas e, meu deus... Como agradecer a vocês? Na verdade, como celebrar isso tudo, como mostrar meu agradecimento sem ser brega (tarde demais?) ou de forma eficaz? Alias, nao acho que a questao se limita somente à agradecer todas as palavras e comentarios positivos que me chegam. A questao é mesmo "que puta sorte eu tenho por ter essas pessoas". Vou deixar de ser cagona? Dificilmente. Mas da pra respirar mais tranquilamente quando penso que eu sou RYYYYCA em recursos humanos (hihi). As vezes da vontade de engolir o mundo. E eu adoro dividir essas coisas com vocês. Obrigada!  




terça-feira, 26 de abril de 2011

Futuro mais-que-perfeito

Semana passada, uma das minhas professoras decidiu arruinar minha vida: a monstra desse post. Sabe aquele trabalho sobre Abbé Pierre/Emmaus? Pronto, eu tirei oito. Isso seria uma noticia maravilhosa se a média das notas escolares francesas nao fosse dez (a nota maxima é vinte). Mas o problema nao foi a nota, foram os comentarios super motivadores. 

Ela disse que eu nao dominava o francês (o que de maneira alguma representou uma surpresa pra mim. Oi, eu estou na França ha quase dois anos e nao sei conjugar os verbos no subjuntivo) e ficou me questionando sobre o que eu pretendia fazer depois da graduaçao. Ela me chamou atençao e me questionou sobre coisas absolutamente normais, mas enquanto ela ia falando, as pessoas à minha volta foram se calando e as observacoes dela sobre minha habilidade com a lingua foram sendo ouvidas pouco a pouco pelos outros alunos até o momento em que eu me encontrei completamente constrangida, sobretudo quando eu tive que responder que o que eu gostaria de fazer em seguida era um mestrado. Foi chato. Foi chato escutar tudo aquilo e foi chato ver que o que ela disse me atingiu tanto que, assim que ela deu as costas, eu comecei a chorar. E se fosse so isso! Comecei a avaliar todas as dificuldades que eu teria num possivel mestrado com esse meu francês capenga e mimimi, o choro foi aumentando, mimimi, o que é que eu tou fazendo nessa faculdade, mimimi, ela tah certa, mimimi, eu nao vou tentar o mestrado. Olha, nem queria descrever meu estado de espirito naquele momento. TPM, baixa auto-estima, complexo de inferioridade e cansaço se deram as maos e massacraram este pobre coraçao durante as horas que se seguiram.

Entao, pra minha extrema surpresa, a Luci forte foi convocada e disse pra Luci patética  "a unica pessoa que tem o direito de sabota-la é você mesma, amiga, nao uma professora que ta com a vida ganha e que ta pouco se fudendo com você". Entao, a nuvem de medo se dissipou e eu voltei a sorrir e a reconsiderar todos os meus planos. Acho que vou escrever um livro de auto-ajuda. "Como matar seu eu patético". Vendera milhoes. E sera escrito em francês. Sem o uso do subjuntivo, é claro. 

domingo, 10 de abril de 2011

Um exemplo de perspicacia

Aconteceu uma coisa tao ridicula hoje que vale a pena postar de novo. 

Pra ir à universidade, eu pego um metrô no sentido contrario à ela pra depois pegar o tramway que me levara a faculdade. Esse percurso é feito em uma boa meia hora (com o plus do tramway estar sempre lotado). Mas eu sempre soube que havia um outro caminho pra universidade que passava por dentro do parque Parilly, que fica a cinco minutos da minha casa, onde eu gastaria somente 15 minutos indo de bicicleta, mas eu estava sem bicicleta desde setembro, entao, ignorei essa opçao. Soh que um dos caras que mora comigo, me disponibilizou uma bicicleta (que provavelmente eu comprarei, pois esta à venda) entao hoje, como eu fui correr no parque, resolvi dar uma olhada no novo caminho pra ir à universidade. Camilo me explicou qual caminho eu deveria pegar pra atravessar o parque, mas ele nao sabia me indicar a segunda parte do caminho, uma vez que eu estivesse fora do parque.



Fiz o percurso de sempre na corrida e cheguei no limite do Parque. Pensei "ok, soh falta conhecer agora o resto do caminho" (que eu faria no dia seguinte, com a bicicleta). Eu ja estava me virando pra voltar pra casa quando me deparei com uma placa indicando "Université Lyon 2" e uma setinha pra direita. Minha gente, de repente, a universidade brotou do chao e apareceu na minha frente! Ela estava ALI o tempo todo! Eu morava a 15 min da porra da universidade e nao sabia. Eu passei seis meses pegando dois transportes, um deles lotado, todo-santo-dia, quando bastava eu atravessar o parque! Olha, eu ri. Mas nao é modo de falar. Eu ri muito na calçada. Porque agora, ao invés de passar pelo tormento descrito, eu vou de bicicleta pra universidade, nesse tempo lindo que ta fazendo, vou ver o parque todo dia e ainda ganhar preciosos minutos de sono. Mas que foi ridiculo, foi.


Pra ficar social

Sei que vocês andam sentindo minha falta nos vossos blogs (NAO ANDAM?), mas minha explicaçao pra essa ausência é aquela de sempre: faculdade cuzuda e sem fim. Ontem passei parte do meu lindo e ensolarado sabado dentro de uma opressora biblioteca lendo sobre coisas das quais eu nao gosto e nao entendo. Mas a gente compensa: fui encontrrar Camilo e duas garrafas de vinho na beira de um dos rios de Lyon. Que emoçao! Centenas de cabeças sobre a grama e sob o sol. A França teve recordes de temperatura pra uma começo de primavera: Paris, 24°, Lyon, 26°, Outro Lugar que eu Esqueci o Nome, 30°! Ok, vocês no Brasil estao se lixando pro sol, mas é que depois de seis meses de frio, a emoçao desse lado é grande. O dia foi lindo, estavamos bêbados e felizes. Voltando pra casa, no metrô, sentei do lado de um homem e fiquei fazendo careta pra ele quando ele nao estava olhando. Maturidade: trabalhamos. Depois ele percebeu o movimento. Ai eu virei pra ele e perguntei "o que é que tu fizesse hoje? :D"

Gente bêbada é uma merda.

Camilo disse que eu fico muito sociavel quando bebo. Eh por isso que eu bebo, pô, pra ficar social.



O céu de hoje e as glissines do nosso pergolado

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Curriculo sincero

Oi, meu nome é Luciana, tenho 25 anos e sou viciada em memes. 

Leia pra entender: Estrada Anil 

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Meu curriculo sincero

Idade: tou grandinha, ja passei da idade de beber até vomitar. Mas a gente vomita mesmo assim. 

Objetivos: ser professora de Historia e mudar o mundo. Ok, pelo menos o mundo de alguém. Vamos começar humildemente.

Disponibilidade para o trabalho: se o trabalho for muito trabalhoso, nenhuma.

Atuaçao: atriz, quando tenho que ler as historinhas de Tchoupi; Super-Homem, quando tenho que atravessar o parque voando pra aparar o menino da queda; escudo humano, quando o bebê resolve direcionar o jato de vômito pro chao (o estranho zelo pelo chao vem do fato do chao ser limpo por mim); faxineira, quando a atuaçao como escudo-humano falha.

Diferenciais: eu sou a unica pessoa pontual que eu conheço. Mas pontualidade nunca empregou ninguém. 

Experiências anteriores: oi?

Periodos: 1985 - 2008: papi pagava; 2008 - 2011: marido paga; 1989 - 2011: Luci estuda. 

Linguas estrangeiras: conheço uma muito bem e a amo! Na verdade, eu a amo tanto que casei com o dono dela. 

Conhecimentos: (resposta vazia por falta de criatividade da blogueira)

Capacidade de liderança: todos me obedecem. Afinal, so é respeitado quem tem o poder de intimidar. #bolsonarofeelings.   

Pos-graduaçao ou cursos complementares: para o céu e avante!

Ou nao.

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"O cargo é seu": Brabuleta 

Talvez

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