sábado, 29 de maio de 2010

Mais um aniversario II

A essa altura, ja espalhei aos quatro ventos: hoje é meu aniversario. Quer dizer, ontem foi o meu aniversario. Mas eu ainda tou feliz. O que é um pouco contraditorio, ja que eu não curto muito o fato de estar envelhecendo. No começo, achei que tivesse alguma coisa a ver com rugas e sindrome de Peter Pan, mas finalmente descobri que o caso é menos grave.

Eu sou um pouco neurotica em relação a idade vs. vida profissional. Meu pai nos colocou na cabeça que se você ja tem 18 anos e nenhum doutorado você não é exatamente alguém. Então, vocês podem imaginar que não foi exatamente um sonho passar o dia do meu aniversario trabalhando como babah. Ah, mas não pensei nesse post pra reclamar da vida (e alias, nem motivo pra reclamar dela). Não importa qual significado que esse dia tem pra mim, eu sempre me divirto com as mensagens de merda dos amigos.

~~Wilker:
Aniversário de Luciana?
Vou tomar uma cachaça ou fazer alguma putaria ae no meio da rua pra comemorar... ahahahaha

Andressa:
hoje era dia de sentar numa mesa de bar pra beber e conversar contigo. Comemora bem direitinho aí. hoje a minha comemoração vai ser em homenagem a tu.
um arrocho.

juju:
seja feliz, putinha!! =D =D =D
que tua felicidade pega todo mundo de jeito e faz feliz tbm.
pq ser feliz é a sua natureza, assim como ser puta.
e tu é linda e faz falta pra caralho!

Eles me conhecem. Obrigada, pessoas. Ainda bem que vocês estão logo ali. E obrigada também à minha maior e unica fã, Glorinha Sem-Noção Vieira e seu post de parabéns. Ri muito! Louca de pedra.

Agora ja posso cantar "à palo seco".

terça-feira, 25 de maio de 2010

Com ou sem emoção?

O emprego de baba me proporciona ora extrema satisfação, ora o mais profundo cansaço mental (alias, como tudo na minha vida). Mas eu me divirto bem mais trabalhando com meu monstrinho do que como faxineira. Afinal, vassouras não são engraçadas. E o guri é realmente muito fofo! Acho que eu passo mais da metade do tempo falando com ele com os dentes trincados e o apertando e fazendo cocegas e querendo comer os dedos dele (são tão pequenininhos!). Acho que eu gostaria que a babah do meu filho tivesse um carinho tão grande por ele como eu tenho por Monstrinho. Mas ao mesmo tempo, fiquei seriamente assustada quando analisei minha forma de brincar com o guri. Eh tipo, modo violência: ON.

Assim que comecei a trabalhar, no começo desse mês, a gente brincava de esconde-esconde. Quer dizer, eu brincava, ja que não da pra explicar a um bebê de um ano as regras do jogo (eu bem que tentei, mas a unica resposta que eu tive foi um filete de baba descendo da boca dele). Dai, cada vez que eu aparecia pra ele, eu dava um sustinho. Tipo, "coucou"! E ele sempre se assustava, mas mesmo assim ria. Se assustava e ria. Aih, fudeu, né? Peguei a mania e agora eu adoro aparecer de suspresa. Eh dai que eu penso que eu daria um murro na minha baba se ela fosse como eu, porque eu odeio sustos. Mas ele gosta, eu não entendo! A mãe deu pra ele um livrinho que conta a historia de um lobo e, na penultima pagina (o livro tem cinco), aparece a boca do lobo aberta e a cor da pagina é laranja. A mãe disse que ele morre de medo dessa pagina e eu, eu morro de rir quando ele vê esse livro, porque ele procura a pagina, abre, toma um susto, fecha rapidamente e começa a rir. Depois, ele faz tudo de novo, pelo menos umas dez vezes por dia e toda vez o tamanho do susto é o mesmo.

Ele também tem um carrinho em que ele monta e eu empurro. No começo, eu empurrava delicadamente, mas era chato. Dai, eu comecei a correr com o carrinho. Acelerava de 0 à 30km/h em dois segundos. Uau. Eu reproduzia o barulho do motor e tudo mais. E o guri adorava! Daih, semana passada, eu tava empurrando o carrinho quando decidi fazer uma curva sem desacelerar. Pra que? O guri sobrou na curva e voou do carrinho. A queda não foi grande, mas o (meu) susto, foi. Fui buscar o guri e fiquei toda errada depois.

De toda forma, eu adoro brincar com ele assim. A mãe diz que eu não devo ensina-lo "des bêtises", mas eu adoro gritar, pular, sacudi-lo, dançar feito uma idiota, me esconder etc. Então, vocês devem imaginar o quanto eu fico à vontade quando a mãe trabalha em casa.

domingo, 23 de maio de 2010

Mais um aniversario


Pra que não passe em branco. No ultimo dia 21, fez um ano que cheguei na França pra morar definitivamente. Normalmente, eu teria pensado, e pensei, em todas as coisas que conquistei até aqui. Teria feito uma balanço, e fiz, de tudo que ganhei e tudo o que perdi nesse ultimo ano. E tudo o que eu tenho pra dizer, é que tem dado certo. Tem dado tudo certo.

Digo isso porque esse blog nasceu por causa da minha vinda à França e, graças a ele, conheci um monte de gente legal. Queria agradecer a TODAS as pessoas que passaram por aqui com seus comentarios positivos e generosos. Obrigada mesmo. Tem dado certo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Fala que eu te escuto. Ou nao.

(Antes de tudo, perdao: post escrito num teclado espanhol desconfigurado).

Quando Camilo anunciou, ano passado, que iriamos morar com mais nove pessoas, eu fiquei preocupada. Ainda mais porque, das nove pessoas, eu conhecia somente duas. E superficialmente. Sempre morei com muitas pessoas, afinal, eramos seis na minha familia, entao quatro a mais, quatro a menos, nao deveria ser problema pra mim. Mas dai a gente lembra que o espaco onde um grupo numeroso vive soh funciona quando tem um lider ou coisa parecida regendo a coisa. Mas tentemos.

O cotidiano na casa eh curioso. Nas compras, sacos de 25kg de arroz, 25 kg de farinha, dezenas de pacotes de papel higienico. Na feira de frutas e verduras do sabado, o s feirantes ja nos conhecem e oferecem os produtos em caixas feitas pra venda no atacado. Todo dia se vai um quilo de macarrao ou de arroz no jantar e jantamos todos juntos. Todo dia. Quase vinte escovas no banheiro dividindo um mesmo potinho. Tem o saco de lixo de cem litros que eh trocado constantemente. No minimo, onze casacos espalhados pelo sofa e onze pares de sapato dividindo o chao com a sujeira (porque quando onze sujam e dois limpam, voces sabem...) Pra acomodar o vidro que sera reciclado depois, um carrinho de supermercado. E pra coisa toda dar certo: dialogo, muito dialogo.

Ja falei aqui que o amado tah criando uma empresa com um dos caras que moram com a gente. Eu nao vou explicar do que se trata, mas o fator "comunicação" eh essencial no tipo de projeto que eles estao criando e, por conta disso, os dois tem lido muito sobre essa "arte". Isso trouxe, inevitavelmente, pro meu namoro com Camilo, varias discussoes (algumas ferrenhas) e, ironicamente, nos demos conta de que não somos um casal que se comunica bem (pelo menos nao da forma ideal).

Uma das coisas que contribuem pra isso, eh o fato de que eu sou agressiva na hora de expor minha opiniao e intolerante na hora de aceitar a opiniao alheia. E eu nem preciso ir muito longe pra saber o porque, afinal, nossos defeitos e qualidades estao ligados a forma com a qual fomos educados, concordam? E na minha casa, a primeira e ultima palavra sempre foi a do meu pai. Entre berros. Por isso, reproduzir esse tipo de comportamento durante minha vida nao foi algo muito dificil pra mim e experimentei varias vezes a sensacao de "perder" quando eu nao podia convencer alguem de que meu pensamento era o certo ou estava perto disso.

Coitadinho de Fabio. Eu sempre enlouquecia nas nossas discussoes, apesar de escutar todos os argumentos dele. Quando o odio no meu coracao aplacava, eu ia ate ele pra pedir desculpa e admitir que ele estava certo. Mas ate esse odio passar... Ah! Entao Camilo chegou e esse processo de "discordar - ter raiva - refletir - pedir desculpa" teve que ser otimizado: era isso, ou eu perdia o namorado.

E quando eu falo em comunicacao, eu estou falando de um sentido bem mais amplo do que esse de "ouvir o outro e saber aceitar a opiniao alheia". Entra aih a parte do saber falar. E querer falar. De vez em quando, fazemos uma reuniao com os moradores da casa pra que a gente discuta os problemas dela. No comeco, eu me limitava a ouvir e, quando tinha algo a dizer, o fazia atraves de Camilo. De uns tempos pra cah, aceitei que eu deveria comecar a dizer o que eu penso, mesmo se o idioma pode limitar a forma com a qual eu repasso minha opinioes. Sucesso. Diante de um grupo que esta nao soh disposto a ouvir como a aceitar o que voce tem a dizer, eu me senti muito estimulada a praticar esse tipo de comunicacao nao-violenta (interna: Camilo, se um dia voce ler esse post, nao ria de mim! hehehe)

Quando fui ao Brasil em fevereiro, Fabio disse que as vezes se sentia inclinado a concordar comigo, mas nao o fazia somente pela forma agressiva com a qual eu defendia meu ponto de vista. Pelo fato de eu ama-lo muito, dele me conhecer mais do que qualquer pessoa e tambem da opiniao dele ter peso mil sobre mim, decidi entrar nessa vibe da coloc de ser mais esforcada na hora de transmitir minhas opinioes. Nao, nao vou virar um anjo da compreensao. Sou muito enfezada e Camilo ja me preveniu que nao seria uma boa ideia me reprimir (hihi ele eh lindo). Mas ao menos quero que as praticas do patriarca da familia fiquem bem longe.

Finalmente eh engracado perceber que nao eh nenhum sacrificio jantar com as pessoas que moram com voce. Como eh engracado tambem perceber que, quando se tem bom senso, lideres sao inuteis. Se meu pai soubesse o quanto um pouco de dialogo o faria bem, e a sua familia, talvez ainda seriamos seis.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Nuits Sonores

Post super rapido (vou tentar) soh pra anunciar a maior das tragedias: estou sem internet. Estou fazendo terapia intensiva pra ver se atravesso esse momento complicado sem enlouquecer. Tem dado certo.

Bzzzz!

Babaquices a parte (e um teclado desconfigurado como parceiro), estou pensando seriamente em comprar um computador ja que agora eu sou uma mulher trabalhadora e vou enriquecer dentro de alguns meses, eh claro. Mais bon... Estou muito satisfeita de toda forma porque amanha vai comecar um festival SUPER esperado pela minha pessoa, o Nuits Sonores. Eh a oitava edicao do festival esse ano que vai ate domingo. Eh um festivalzinho de musica eletronica que me apetece mais por ser numa epoca do ano que eu amo (Primavera) do que propriamente por ser de musica eletronica.

Na primeira foto, jovens felizes e satisfesitos. E bebados. Na segunda foto, eu superfeliz com um chapeu pra proteger minhas perebas. Eh, eu tinha acabado de cair da bicicleta e, dentro de algumas horas, eu estaria indo pro hospital pelas complicacoes que os remedios me trariam. Espero que esse ano eu nao precise ir ao medico. Malgrado a falta de internet.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Chuva de cenoura

Essa eh a semana do finalmente.

- Finalmente Camilo voltou do Senegal (pedi pra ele escrever um post sobre a semana em que ele passou lah, vamos ver se ele lembra);

- Finalmente Diana voltou do Mexico (escrevo mais sobre nossa relaçao depois);

- Finalmente eu estou trabalhando!

Pra quem chegou agora no blog, arrumei um trabalho como babá de um bebe de um ano e, como o pai eh portugues, vou maneirar nas minhas impressoes sobre a crianca (oi, pai! Se o senhor estiver me lendo, eu amo seu filho, beijo!).

O guri realmente eh um fofo. No comeco, ele fazia aquela cara de desinteria quando eu aparecia. Agora ele já sorri. Ontem ele ateh gargalhou! Quando ele faz isso, dá vontade de espremer as tripinhas dele. Eh lindo demais! E depois de dois dias de trabalho, já estou ate pensando na possibilidade de ter um filho: adotar um que tenha 18 anos e já esteja pronto pra sair de casa.

Socorro.

Lá estava eu, linda e cheirosa, dando papinha pra ele, tendo que entrete-lo entre uma colherada e outra, porque quando a brincadeira para, ele para de comer tambem. De repente, ele dá um espirro. De repente, uma chuva de papa de cenoura e baba de crianca sobre mim. Eu petrifiquei. Olhei minha roupa laranja, sorri nervoso. "Ossos do oficio. Foi soh uma papa".

Terminado o almoço, ele comeca a soltar uns peidos bizarros. "Eh agora". Comecei a me preparar emocionalmente pra trocar a primeira fralda de coco dele. Deitei o guri em cima do trocador e, pelo peso da fralda, ele devia ter cagado o equivalente ao peso dele. O bom da historia, eh que ele nao aceita ficar deitado e eu realmente nao sei como trocar um bebe que esperneia em peh. Quando ele ficou em peh, senti minha barriga ficar quente. Eh, ele tava mijando em mim. Pensei em arremessa-lo na pia, mas ja era tarde demais. "Ossos do oficio. Foi soh xixi".

Distrair essa crianca eh uma das coisas mais trabalhosas que existem. Ele nao se contenta quando cantamos, pulamos, falamos, sorrimos, corremos, fazemos caretas ou nos escondemos. Nao. Ele quer todas essas coisas ao mesmo tempo e muito mais. Por isso, sai do primeiro dia de trabalho sentindo todos os musculos da minha bunda doendo (nao me perguntem porque). E apesar de tentar usar toda minha criatividade pra entrete-lo com coisas realmente interessantes e construtivas, ele gargalhou quando eu dei uns tapinhas no vidro da cozinha. Eu fiquei com medo dele se engasgar tamanha a risada. E cada vez que eu batia no vidro, ele ria mais alto. Mas tem um detalhe. Nao era em qualquer parte do vidro, era somente quando eu batia na altura da minha cabeca: mais pra baixo nao tinha graça.

Agora vou busca-lo na creche. Talvez hoje seja o dia em que Camilo de uma passada por la pra conhecer os pais do guri, que sao uns amores, super gente fina (pais, se voces tiverem me lendo, amo voces, beijos)!

Talvez

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